
Imagina a cena: uma manhã comum, o sol já forte de Rondônia, e de repente, o pânico. Não era um cachorro vadio, nem um gato assustado. Era uma onça-parda, um bicho de verdade, se aproximando de um lugar cheio de crianças pequenas. O instinto de Adilson Fernandes, de 46 anos, falou mais alto. Muito mais alto.
"Eu fui brigar com ela. Não pensei duas vezes", confessa Adilson, ainda visivelmente abalado. A investida do animal, que ele acredita estar assustado e desorientado, deixou marcas profundas – e não só as físicas, dos arranhões que levaram pontos no seu braço. Aconteceu na última sexta-feira, 19, num bairro da periferia de Ariquemes, e a sorte é que não terminou em tragédia.
O Confronto que Poderia ter Sido Pior
Ele conta que ouviu os gritos de alerta. Quando viu o felino, de porte médio – uma suçuarana, como também é conhecida –, já estava muito perto do portão da creche municipal. O que se passou pela cabeça dele naqueles segundos? Provavelmente um turbilhão. Medo, sim, claro. Mas também uma determinação feroz de proteger os pequenos.
O que se seguiu foi uma luta corporal, direta, daquelas que a gente só vê em filme. Adilson tentou afastar o bicho, que reagiu com as garras afiadas. O braço esquerdo dele foi o alvo. "Ela me arranhou feio, mas eu consegui espantar ela dali", relata, com a voz um pouco trêmula. A onça, afinal, fugiu em direção a uma área de mata próxima.
E Agora, José? O que Fazer Nesses Casos?
Especialistas que foram consultados depois do fato foram unânimes: a atitude, embora nobre na intenção, é superarriscada. Onças, mesmo as menores como a parda, são predadores poderosos. O correto é manter distância, trancar portas e janelas, e acionar imediatamente os órgãos competentes – como a Polícia Militar Ambiental.
O caso acendeu um alerta na região. O avanço urbano sobre áreas naturais tem feito com que encontros como esse se tornem, infelizmente, menos raros. É um lembrete amargo da complexa relação entre a cidade e a floresta.
Adilson recebeu os primeiros socorros no hospital local e passa bem. Herói? Talvez. Corajoso, sem dúvida. Mas o recado que fica é outro: a vida selvagem exige respeito e uma dose enorme de cautela. Enfrentá-la não é para amadores.