Asas da Liberdade: Avião Solidário da LATAM Realiza Missão Inusitada ao Transportar Aves Resgatadas para Novo Lar em Foz do Iguaçu
Avião da LATAM transporta aves resgatadas para Foz do Iguaçu

Quem disse que as companhias aéreas só transportam passageiros humanos? Na última terça-feira (3), a LATAM protagonizou uma daquelas cenas que restauram a fé na humanidade — ou melhor, na nossa capacidade de cuidar dos outros habitantes do planeta.

Dezessete aves resgatadas de situações terríveis embarcaram num voo especial com destino a Foz do Iguaçu. A bordo, espécies como curiós, coleiros, canários-da-terra e até um cardeal, todos vítimas de tráfico ou cativeiro ilegal. A operação foi tão incomum que até os comissários de bordo pareciam emocionados.

Do sofrimento aos céus abertos

Imagine a cena: essas aves, que até pouco tempo atrás viviam em condições precárias — algumas literalmente escondidas em fundos de quintal —, agora tinham assentos garantidos num Boeing 737. A ironia não poderia ser mais bela: o mesmo tipo de aeronave que leva turistas para ver as cataratas agora transportava seres que simbolizam a liberdade que todos almejamos.

O resgate foi trabalho da Polícia Militar Ambiental de São Paulo, que identificou e apreendeu os animais durante operações rotineiras. Mas o que acontece depois que os bichos são salvos? Eis a questão que pouca gente conhece.

Uma rede de compaixão que cruza o país

O destino final não poderia ser mais apropriado: o Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (CRAS) de Foz do Iguaçu. Lugar conhecido por transformar histórias de sofrimento em finais felizes — ou pelo menos em novas chances.

O que me impressiona nessas operações é a teia de colaboração necessária: a LATAM doou o espaço na aeronave, a Polícia Ambiental fez o resgate, e o Instituto Água e Terra (IAT) do Paraná garantiu a documentação e a recepção. Até a Associação dos Policiais Ambientais de São Paulo (APASPA) entrou na dança, cuidando da logística terrestre.

Numa época em que notícias negativas dominam os jornais, ver instituições diversas trabalhando juntas por uma causa nobre... bem, isso sim merece ser notícia.

O que acontece agora com as aves?

O processo é meticuloso — nada de solturas precipitadas. Primeiro, período de quarentena e observação. Depois, avaliação comportamental e de saúde. Só então os técnicos decidirão: quais têm condições de voltar à natureza e quais precisarão de cuidados permanentes?

Algumas nunca voaram livremente. Outras foram criadas em gaiolas minúsculas. Recuperar instintos selvagens leva tempo e paciência. Mas o CRAS de Foz tem experiência de sobra — é um dos mais respeitados do país justamente por seus índices de sucesso.

Enquanto isso, a LATAM já sinalizou que pretende continuar com esses voos solidários. Afinal, como disse um funcionário envolvido na operação: "às vezes, os passageiros mais gratos não emitem um único som de agradecimento".

E pensar que tudo isso começou com denúncias anônimas e trabalho policial discreto. Num país tão grande quanto o Brasil, pequenos atos de compaixão ainda podem, literalmente, decolar.