Era uma noite como qualquer outra em Salvador — ou pelo menos deveria ser. O músico Rafael Mendes, conhecido por animar bares no Pelourinho, caminhava para casa após um show quando o inesperado aconteceu. Dois homens armados surgiram da escuridão como fantasmas, e em segundos, sua vida virou de cabeça para baixo.
"Eles me cercaram perto da Praça da Sé", conta Rafael, ainda visivelmente abalado. "Um apontou a arma para minha cabeça enquanto o outro revistava meus bolsos. Nunca senti tanto medo na vida."
O momento do desespero
O que se seguiu foi um pesadelo de três minutos que pareceram horas. Os assaltantes — nervosos, agressivos — exigiram seu celular, dinheiro e até o instrumento musical que carregava. "Quando tentaram levar meu violão, algo em mim explodiu", lembra o artista. "Aquele violão era minha vida. Reagi sem pensar."
Foi quando tudo poderia ter acabado mal. Um dos criminosos disparou — felizmente errou — e na confusão, Rafael conseguiu escapar entre os becos que conhecia como a palma da mão. "Corri como se o diabo estivesse atrás de mim. E estava."
As cicatrizes invisíveis
Hoje, uma semana depois, as marcas físicas já se foram. Mas o trauma? Esse vai demorar. "Durmo com a luz acesa desde então", admite o músico. "E toda sombra na rua me faz pular."
A polícia já foi acionada, mas como tantos outros casos na cidade, as esperanças são poucas. "Só quero que minha história sirva de alerta", diz Rafael. "Salvador está perigosa demais. Ande atento ou nem ande."
Enquanto isso, ele tenta retomar a rotina. O violão? Está intacto. A coragem? Essa ainda está se recompondo aos poucos.
