
Era para ser mais uma manhã tranquila naquele bairro residencial da Serra, no Espírito Santo. Mas o silêncio foi quebrado por rajadas de tiros que ecoaram como trovões secos. Um jovem — ainda não identificado — perdeu a vida no local, e dezenas de crianças pequenas, que deveriam estar aprendendo cores e formas, se agacharam sob mesas, tremendo. A cena parece saída de um filme de terror, mas aconteceu de verdade, bem aqui, no nosso quintal.
Segundo testemunhas, o tiroteio começou por volta das 10h30, quando dois homens em uma moto — dessas velozes, daquelas que fazem barulho até de madrugada — começaram a atirar contra um carro estacionado. Só que a polícia já estava ali, de olho. E aí? O que era para ser uma abordagem rápida virou um verdadeiro campo de batalha.
O caos que ninguém esperava
Imagine a cena: professores agarrando crianças pelo braço, arrastando-as para dentro das salas, enquanto os vidros das janelas estremeciam com cada disparo. Algumas choravam, outras ficaram paralisadas. "Foi como se o mundo tivesse virado de cabeça para baixo", contou uma professora que preferiu não se identificar — afinal, quem garante que os envolvidos não voltem?
Os policiais, segundo fontes, revidaram. E no meio desse fogo cruzado — literalmente — um jovem acabou atingido. Morreu no local. Ninguém sabe ainda se ele era um dos suspeitos ou apenas um espectador azarado. A única certeza? Que uma família vai enterrar alguém hoje.
E as crianças?
Elas são as verdadeiras vítimas invisíveis. Psicólogos já alertam: traumas desse tipo podem ecoar por anos. "Minha filha não quer voltar para a escola", desabafa uma mãe, enquanto acaricia os cabelos da menina, que não solta seu ursinho desde o incidente.
A Secretaria de Segurança do ES prometeu "medidas" — essa palavra vaga que políticos adoram — mas os moradores estão cansados de promessas. "Todo mês é a mesma coisa: tiroteio, comoção, esquecimento", resmunga um comerciante local, enquanto recolhe cacos de vidro da sua vitrine.