
Parece cena de filme, mas é a realidade nua e crua que comerciantes do Guarujá enfrentam nas últimas semanas. Uma verdadeira epidemia de furtos de cabos de energia — sim, aqueles que deveriam iluminar e movimentar o comércio — está mergulhando estabelecimentos na mais completa escuridão. E o prejuízo? Bem, esse não para de crescer.
Imagine ter seu negócio funcionando a pleno vapor numa quinta-feira e, de repente, na sexta pela manhã, encontrar tudo parado. Sem luz, sem refrigeração, sem caixa registradora funcionando. Foi exatamente isso que aconteceu com diversos comerciantes da Rua XV de Novembro e arredores. "É um desespero só", conta um dono de mercadinho que prefere não se identificar — com razão, né?
O Modus Operandi que Parece Roteiro de Crime Organizado
Os bandidos agem com uma audácia que chega a ser assustadora. Não são amadores, longe disso. Eles escolhem pontos estratégicos da rede elétrica, sempre durante a madrugada, e simplesmente desaparecem com metros e metros de cabos. A técnica? Cortam limpo e rápido, deixando para trás um rastro de prejuízos e frustração.
O que mais impressiona é a escala. Só na última semana, foram registrados pelo menos três furtos de grande porte — e olhe que estamos falando de cabos que pesam, que exigem equipamento e planejamento para serem levados. Não é trabalho de uma pessoa só, isso é evidente.
O Gosto Amargo dos Prejuízos
Enquanto os criminosos devem estar contando seu 'lucro' com a venda do cobre, os comerciantes contam suas perdas. E não são pequenas:
- Produtos perecíveis estragando em freezers desligados
- Dias inteiros de faturamento simplesmente evaporando
- Clientes frustrados que buscam outros estabelecimentos
- E o custo de oportunidade — quantas vendas deixaram de ser feitas?
"É uma situação desumana", desabafa um restauranteur que já perdeu dois dias de trabalho. "Você fica refém, impotente, esperando a energia voltar enquanto vê seu negócio definhar."
E a Responsabilidade? Cadê?
Aqui vem a parte que mais dói: a sensação de abandono. A Energia Sustentável do Brasil, concessionária local, até tenta correr contra o tempo nos reparos — mas é como enxugar gelo. Enquanto não houver uma ação mais efetiva de segurança, os cabos continuarão sumindo.
E a polícia? Bom, registra as ocorrências, faz o protocolo de sempre. Mas convenhamos: prender quem está por trás desses furtos exigiria uma investigação mais aprofundada, talvez até com rastreamento do material — que, suspeita-se, vai parar em ferro-velhos nem sempre tão rigorosos com a procedência.
O que resta para os comerciantes? A velha e conhecida resiliência do empresário brasileiro. Uns se viram com geradores — quando podem bancar o custo absurdo do diesel. Outros fecham as portas e rezam para não ser o próximo da lista. E a cidade, que deveria pulsar com o comércio, vai aos poucos perdendo seu brilho.
No fim das contas, todo mundo sai perdendo. Menos, é claro, quem está lucrando com essa verdadeira indústria do furto de cabos. Uma pena que, num país com tantos problemas, alguns ainda precisem criar novos.