
Era pra ser mais um dia de labuta. O sol a pino, os carros estacionados, a rotina dura de quem tenta ganhar a vida honestamente nas ruas. Mas essa terça-feira, 10 de setembro, terminou em tragédia numa rua qualquer do bairro de Jaguaribe, em João Pessoa.
Um homem — que todo mundo da região conhecia como um daqueles caras que ajuda a guardar os veículos, o famoso 'flanelinha' — foi executado. Sim, executado é a palavra. Não foi um roubo, não foi uma briga. Foi coisa de filme de máfia, só que bem aqui, no nosso quintal.
As câmeras de segurança não mentem. O vídeo é de gelar a espinha. Dois indivíduos chegam num carro preto, descem decididos, e partem pra ação. Não há diálogo, não há hesitação. Só o estampido seco dos disparos, um após o outro, até o homem cair no chão. Os criminosos fogem, deixando para trás o silêncio e o horror.
O que levou a isso?
A Polícia Civil, claro, tá com o caso nas mãos e trabalha com algumas linhas de investigação. Será que era uma dívida? Uma rixa pessoal que ninguém sabia? Ou — e essa é a pior das hipóteses — uma mensagem sinistra pra outros que trabalham na região? O delegado plantonista do dia, Dr. Something Silva (porque é, às vezes a gente até esquece o nome, né?), confirmou que a vítima já tinha passagem pela polícia, mas não deu detalhes. Coisa de quem vive à margem, tentando sobreviver.
O pessoal que mora por perto ficou em choque. "A gente ouviu os tiros, foram muitos, parecia rojão", contou uma moradora que não quis se identificar — e quem pode culpá-la? O medo é real, palpável. O local do crime, um ponto comercial, ficou isolado pela perícia, que catou as cápsulas dos projéteis. Tudo meticuloso, tudo muito frio.
O retrato de um problema maior
Isso aqui vai muito além de um homicídio isolado, você não acha? É o retrato de uma violência urbana que a gente teima em ignorar. O flanelinha, figura quase folclórica das cidades brasileiras, vive num limbo. Não é reconhecido, não tem proteção, vive da informalidade e, muitas vezes, da boa vontade — ou do medo — dos outros.
E agora, o que sobra? Uma família em luto — a vítima era pai —, uma comunidade assustada e aquele questionamento que não cala: até quando? João Pessoa, que se vende como um paraíso turístico, tem essa ferida aberta. E não adianta fingir que não vê.
Agora é torcer — se é que resta esperança — para que a polícia encontre os responsáveis. E que a justiça, seja lá o que isso signifique, seja feita. Por ele, e por todos nós.