
Não dá pra acreditar. Num piscar de olhos, a rotina pacata de uma rua qualquer de Nova Iguaçu virou um pesadelo. Era por volta das 15h quando o barulho seco — aquele que ninguém confunde — cortou o ar. Um tiro. E o alvo? Um menino de cinco anos, que brincava na calçada como faria qualquer criança numa tarde quente de agosto.
A vizinhança, aquela que sempre tem um "bom dia" pra dar, ficou paralisada. "Parecia filme", contou Dona Maria, 62 anos, que não quis dar o sobrenome. As mãos dela ainda tremiam duas horas depois. O pequeno foi levado às pressas pro hospital municipal, mas, graças a Deus, o estado é estável. Balão aliviado, mas com um gosto amargo na boca.
O que se sabe até agora?
Segundo fontes da delegacia — que preferiram não se identificar —, a polícia trabalha com três hipóteses:
- Tiroteio entre facções: A região tem histórico de conflitos, e pode ter sido "fogo cruzado" (como se isso fosse algum consolo)
- Disparo acidental: Alguém manipulando arma sem cuidado — o que, convenhamos, é quase tão grave quanto
- Caso isolado: Ainda que "isolado" soe como eufemismo quando uma criança se torna estatística
Os PMs chegaram em 12 minutos — rápido pra padrões da Baixada —, mas o autor(s) do crime já tinha evaporado. Típico.
E agora?
A família, claro, está arrasada. "Ele só queria brincar de carrinho", disse o pai, com a voz embargada, antes de se recusar a dar mais detalhes. A Secretaria de Segurança Pública prometeu "apuração rigorosa" — frase que já virou lugar-comum em casos assim.
Enquanto isso, na rua onde aconteceu o disparo, restaram marcas de sangue no asfalto e um silêncio que dói. Vizinhos se olham, mas evitam falar. Medo? Talvez. Ou só aquele cansaço de sempre, de ver a vida seguir como se nada tivesse acontecido.