
Era uma tarde cinzenta em Conde quando o caso explodiu — cinco jovens mortos, cinco policiais algemados. O comandante-geral da PM da Paraíba, coronel João Batista, soltou a frase que ecoou nos corredores da delegacia: "Não temos motivo pra duvidar da palavra desses homens". Duro, direto, quase um soco no estômago das famílias que choram seus mortos.
Os detalhes? Ainda nebulosos. Os PMs dizem que reagiam a um suposto ataque — armas teriam sido encontradas no carro dos jovens. Mas testemunhas balançam a cabeça, sussurram histórias diferentes nos becos do bairro. E aí, quem segura essa bomba?
O outro lado da farda
O coronel, com aquela cara de quem já viu de tudo, insiste: "São anos de serviço impecável, medalhas no peito. A gente não joga a honra no lixo por nada". Mas a promotoria tá com a faca nos dentes — quer saber por que os corpos tinham marcas de execução, por que as câmeras dos PMs 'misteriosamente' falharam.
- 5 jovens entre 17 e 24 anos
- 3 tiros na nuca em dois corpos
- 48 horas entre o ocorrido e as prisões
Nas ruas de Conde, o clima é de panela de pressão prestes a explodir. Na esquina do barzinho, Seu Zé — que pediu pra não ter o sobrenome divulgado — cospe no chão: "Aqui todo mundo sabe como começa, ninguém sabe como termina".
O jogo político por trás do sangue
Enquanto isso, em João Pessoa, os gabinetes federais fervilham. O deputado Arnaldo (PT) já chamou o caso de "massacre institucionalizado", enquanto a bancada da bala rebate: "Bandido morto é bandido morto". Típico do Brasil — tragédia vira palanque, sangue vira hashtag.
O que ninguém conta? Que o batalhão desses PMs tem histórico — três investigações por abuso de autoridade nos últimos dois anos. Coincidência? O delegado responsável pelo caso franze a testa, mas não comenta.
À noite, nas vielas onde os jovens morreram, velas iluminam fotos coladas no muro. Maria, irmã de uma das vítimas, segura a vela com mão trêmula: "Se fosse filho de rico, tava no Jornal Nacional". E não há argumento que desfaça aquela dor.