
Numa madrugada que parecia comum, uma corrida de aplicativo virou pesadelo. A passageira — vamos chamá-la de Ana, porque seu nome real não pode ser divulgado — mal imaginava o que estava por vir quando entrou no carro. O trajeto rotineiro, daqueles que fazemos sem pensar duas vezes, transformou-se em algo que ela jamais esquecerá.
Segundo o relato dela à polícia, o motorista — cadastrado em uma plataforma conhecida — desviou do caminho. "Ele começou a falar coisas estranhas", contou Ana, ainda visivelmente abalada. "Quando percebi, estávamos num lugar escuro, longe do destino."
O crime que ninguém espera
Não foi um "não" ignorado. Foi um grito sufocado, um terror silencioso dentro daquele carro com cheiro de ar condicionado velho. Ana descreve detalhes que doem: as portas travadas, o celular jogado no banco de trás, as ameaças sussurradas. "Pensei que não sairia viva dali", disse, com a voz ainda trêmula.
O motorista, por outro lado, nega tudo. Em depoimento, alegou que a passageira "inventou a história" porque se arrependeu de "atitude inadequada" durante a viagem. Conveniente, não? A versão dele muda três vezes em cinco minutos de gravação — a polícia notou isso.
O que fazer quando o perigo vem pelo app?
Esse caso escancara o que muitas mulheres já sabem: a tecnologia não elimina riscos. Algumas dicas que especialistas em segurança sempre repetem (e que vale a pena lembrar):
- Compartilhe a corrida — Não é paranoia, é precaução
- Verifique a placa — E se não bater, não entre
- Sentar atrás? Melhor do lado do motorista? Discussão antiga, mas o importante é seguir seu instinto
A Delegacia Especializada em Crimes contra a Mulher de BH assumiu o caso. "Temos imagens de câmeras que podem corroborar parte da versão da vítima", adiantou um investigador que preferiu não se identificar. O aplicativo em questão afirmou que "repudia qualquer forma de violência" e que o motorista foi suspenso preventivamente.
Enquanto isso, Ana tenta reconstruir o que restou daquela madrugada. "Não quero que outras passem por isso", disse, decidida a levar o caso até as últimas consequências. Resta saber se o sistema — tão lento quando se trata de violência contra mulheres — fará sua parte.