A Polícia Civil de Santarém, no oeste do estado do Pará, confirmou os detalhes de um feminicídio ocorrido no bairro Jutaí. A vítima, Maria Jucineide, foi morta por estrangulamento pelo próprio marido após uma discussão que começou por causa de alguns abacates.
Detalhes do crime e prisão do suspeito
O crime aconteceu na manhã de sábado, 27 de abril, na casa onde o casal residia. A delegada Carmen Ramos, responsável pelas investigações, relatou que a polícia foi acionada por volta das 11h. Imediatamente, foram iniciados os procedimentos de perícia no local, identificação de testemunhas e reconstituição da dinâmica do fato.
Enquanto as buscas pelo suspeito eram realizadas, ele se apresentou espontaneamente na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) de Santarém, acompanhado de advogados. Isso impediu sua prisão imediata, com base no Artigo 302 do Código de Processo Penal.
No entanto, em paralelo, a polícia já solicitava a prisão preventiva ao juiz plantonista do Fórum da cidade, que deferiu o pedido. Familiares do acusado o trouxeram à delegacia à noite, onde ele recebeu voz de prisão e cumpriu o mandado. Ele permanece preso, à disposição da Justiça.
A discussão fútil que terminou em tragédia
O motivo inicial da briga foi aparentemente trivial. De acordo com as investigações, o suspeito teria pego alguns abacates e dado a outras pessoas. Maria Jucineide não gostou da atitude e reclamou com o companheiro.
"A forma de demonstrar que não gostou foi mais do que exagerado, foi desproporcional", explicou a delegada Carmen Ramos, destacando a brutalidade da reação do homem a uma simples discussão.
A vítima tentou fugir e pedir socorro. Ela correu para a rua, gritou e chegou a ligar para familiares. Infelizmente, ninguém próximo conseguiu ajudá-la a tempo. Uma irmã atendeu seu chamado e percebeu o perigo, acionando outros parentes. Quando ela chegou à residência, Maria Jucineide já estava morta dentro do quarto, sobre a cama.
"A vítima pediu socorro, gritou, pessoas ouviram, pessoas se negaram a ajudar e aí nós temos o resultado. Uma pessoa que infelizmente perdeu a vida", lamentou a delegada.
Histórico de violência e alerta das autoridades
Durante as investigações, a família informou à polícia que já existia um histórico de violência, tanto psicológica quanto física, contra Maria Jucineide. No entanto, a vítima nunca havia registrado formalmente nenhuma ocorrência nas delegacias especializadas.
O superintendente regional da Polícia Civil, delegado Jamil Farias Casseb, também se pronunciou sobre o caso. Ele ressaltou que a briga pelos abacates foi apenas o estopim de uma situação crônica.
"Fique de exemplo para que a gente busque esse socorro, essa ajuda, antes que as tragédias aconteçam", alertou Jamil, enfatizando a importância de as vítimas denunciarem a violência doméstica para receberem proteção e evitar desfechos fatais.
A delegada Carmen Ramos acrescentou que o suspeito trancou a vítima dentro de casa para impedir sua fuga. Maria Jucineide tentou se defender, deixando marcas no agressor, mas foi superada e morta por asfixia.