A Polícia Civil de Patos de Minas, no Alto Paranaíba, concluiu o inquérito sobre as denúncias de estupro de vulnerável envolvendo um professor de música e não indiciou o suspeito de 49 anos. A decisão, anunciada na sexta-feira (19), foi baseada na falta de provas concretas que comprovassem a prática do crime. O caso, que chocou a cidade, segue agora para análise e deliberação do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG).
Detalhes das investigações e relatos das vítimas
As investigações começaram após uma mãe registrar um boletim de ocorrência ao perceber mudanças no comportamento da filha de 4 anos. A criança teria contado que o professor a tocava de forma inadequada e introduzia objetos, como lápis e faca, na região anal. A menina também relatou ter sido ameaçada pelo homem, que dizia que, se ela contasse sobre os abusos, ele deixaria de dar as aulas de música – atividade de que ela muito gostava.
Em coletiva de imprensa realizada no dia 25 de agosto, a delegada Tatiana Paiva, responsável pelo caso, informou que cinco crianças, com idades entre 4 e 5 anos, foram identificadas como possíveis vítimas após os depoimentos das mães. Duas delas passaram por exames com médico legista especialista em abuso sexual. As outras três foram atendidas no Hospital Regional Antônio Dias, e os prontuários médicos foram aguardados para análise.
As crianças foram ouvidas por meio de depoimento especial, em ambiente protegido no Fórum de Patos de Minas, com acompanhamento de psicólogos e assistentes sociais, conforme manda a legislação para proteger vítimas tão jovens. As gravações dessas entrevistas integraram o inquérito.
A prisão, o afastamento e a reação violenta
O professor foi preso no dia 27 de agosto, quando foi localizado no Distrito Federal. Após audiência de custódia, ele foi transferido para Patos de Minas. Imediatamente após a escola tomar conhecimento da denúncia, o servidor foi afastado de suas funções.
O caso gerou grande comoção na comunidade. O carro do professor investigado foi alvo de tiros, sendo atingido por cerca de dez projéteis. O suspeito de efetuar os disparos foi preso em flagrante, portando armas e munições.
Providências da prefeitura e andamento do caso
A Prefeitura de Patos de Minas emitiu notas informando sobre as medidas tomadas. Além do afastamento do professor, determinou a instauração de procedimento interno de apuração. A Secretaria Municipal de Educação assumiu diretamente a gestão da escola em questão a partir do dia 25 de agosto.
Entre as ações implementadas estão:
- Reforço na vigilância na entrada e saída dos alunos.
- Apoio da Polícia Militar com viaturas no período de funcionamento da escola.
- Presença de inspetoras de educação no local.
- Triagem psicológica de estudantes e servidores.
- Atendimento psicológico especializado às famílias.
- Processo para instalação de circuito de câmeras de vigilância.
A Polícia Civil mobilizou seis investigadores para o caso, com o objetivo de apurar os fatos, identificar outras possíveis vítimas e combater a disseminação de informações falsas nas redes sociais. O celular do professor foi apreendido para perícia. O homem negou todas as acusações desde o início.
O g1 questionou a Secretaria Municipal de Educação sobre a conclusão do inquérito que não indiciou o professor, mas não obteve resposta até a última atualização desta reportagem. A população pode utilizar os canais da Ouvidoria Municipal para relatar queixas ou sugestões.