Cliente agride jovem aprendiz com tapa no rosto em loja de Mongaguá, SP
Tapa no rosto de funcionária em loja de Mongaguá gera BO

Um caso de violência contra uma funcionária menor de idade chocou o litoral de São Paulo. Uma cliente de 28 anos deu um tapa no rosto de uma jovem aprendiz de 17 anos dentro de uma loja de variedades em Mongaguá. O episódio, ocorrido no domingo (14), foi registrado na delegacia da cidade como lesão corporal e ameaça.

Versões conflitantes sobre a agressão

De acordo com o relato policial, a cliente estava no caixa para pagar uma campainha e três bolsas. Ela afirmou que a jovem caixa, ao ser questionada se o produto funcionava com pilha ou bateria, deu uma resposta vaga. A mulher também contou que a funcionária registrou errado o valor de uma das bolsas e, ao apontar o erro, notou que a adolescente estava irritada.

A agressora disse à polícia que a operadora de caixa "adotou uma postura arrogante" e que houve desdém. Após as "provocações", ela admitiu ter começado a ameaçar verbalmente e "tocado" o rosto da jovem. A cliente negou veementemente ter proferido injúrias raciais e disse ser vítima de ameaças virtuais após a divulgação do caso.

Relato da mãe da vítima contradiz agressora

A mãe da adolescente, que prefere não se identificar, deu uma versão completamente diferente dos fatos ao g1. Segundo ela, a filha é jovem aprendiz há cerca de seis meses no local e não conhecia a cliente. O episódio teria começado quando a jovem retornou do banheiro e atendeu a mulher.

"A minha filha não retrucou em nenhum momento as agressões verbais", afirmou a mãe. Ela relatou que, ao perceber a cliente alterada, a filha evitou contato visual e pediu o cancelamento de um possível erro na passagem das mercadorias.

O momento da agressão foi descrito com detalhes: "Como ela viu que a minha filha não retrucou... ela colocou a mão por debaixo de um plástico que existe na loja e bateu na 'cara' da minha filha". A jovem se assustou, levantou a mão por reflexo e seguiu com o atendimento. A cliente ainda teria feito outra pergunta e, diante de um "não sei", ameaçou a funcionária, dizendo que Mongaguá era pequena e que iria 'pegá-la' lá fora.

A mãe só soube do ocorrido ao fim do expediente, no domingo à noite. Ela destacou que as imagens de monitoramento desmentem a acusação de que a filha teria 'batido boca' com a cliente. "Mas mesmo se a minha filha tivesse tido esse tipo de comportamento, nada dá o direito dela bater no rosto da minha filha. A gente sabe que um tapa na cara é um tapa que tira a honra", desabafou.

Investigações em andamento e repercussão

Uma testemunha presente no local afirmou à polícia que, ao sair da loja, a cliente xingou a funcionária de "macaca" e "neguinha". A vítima, no entanto, não ouviu os supostos xingamentos de cunho racista. A adolescente procurou o Pronto-Socorro Central após o ocorrido e, posteriormente, registrou um boletim de ocorrência.

Em nota, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) informou que o caso foi registrado como lesão corporal e ameaça. A pasta orientou que, em casos de lesão corporal, cabe representação criminal para o prosseguimento das investigações. A vítima foi informada sobre o período para realizar essa representação.

A mãe contou que a adolescente voltou ao trabalho e tem recebido apoio da população local. O caso ganhou grande repercussão nas redes sociais, gerando debates sobre violência no ambiente de trabalho e a vulnerabilidade de jovens aprendizes.