Médica espancada por fisiculturista em SP cobre tatuagens em homenagem ao ex: a simbólica transformação pós-trauma
Médica cobre tatuagens após agressão de fisiculturista

Ela carregava na pele as marcas de um amor que se transformou em pesadelo. Literalmente. As tatuagens que um dia foram feitas para celebrar uma paixão tornaram-se lembretes permanentes de horror - até agora.

A história parece saída de um roteiro de filme, mas é dolorosamente real. Uma médica de 39 anos, residente em São Vicente, litoral de São Paulo, viveu meses de terror nas mãos daquele que deveria ser seu protetor: um fisiculturista de 30 anos, cujo nome não merece ser mencionado.

O inferno começou em abril, mas os sinais de alerta já piscavam havia tempos. "Ele era possessivo, controlador... mas eu não via", confessa a médica, que preferiu manter o anonimato por medo de represálias. "As tatuagens foram ideia dele, é claro. Uma forma de me marcar como propriedade."

O dia em que tudo mudou

Foi numa discussão banal sobre finanças que a máscara caiu de vez. O atleta, que malhava obsessivamente há dez anos, transformou-se em monstro. Desferiu socos, chutes, arrastou-a pelos cabelos. O crime aconteceu no apartamento do casal, na ensolarada Praia do Gonzaga - ironicamente um cartão-postal de tranquilidade.

"Pensei que morreria ali", relembra a vítima, com voz ainda trêmula. "A força dele era desumana. Cada golpe parecia o impacto de um martelo."

A fuga e a justiça

Milagrosamente, conseguiu fugir. Correu para a delegacia mais próxima, com o corpo pintado de hematomas e a alma em frangalhos. O agressor foi preso em flagrante - uma rara vitória num país onde a violência doméstica muitas vezes segue impune.

O processo corre sob segredo de justiça, mas fontes confirmam que ele responde por lesão corporal grave. Enquanto isso, a médica tenta reconstruir a vida entre consultórios e sessões de terapia.

Apagando as marcas do carrasco

As tatuagens tornaram-se o símbolo mais visível de sua escravidão emocional. Uma homenagem ao agressor, gravada para sempre na pele. "Cobri-las não foi vaidade", explica. "Foi exorcismo. Uma forma de dizer 'você não me define mais'."

O processo de remoção é doloroso - fisicamente e emocionalmente. Cada sessão a laser queima não apenas a tinta, mas também as memórias. "É minha maneira de renascer", diz, com determinação que surpreende até ela mesma.

Especialistas em violência doméstica veem atos como estes como cruciais para a recuperação. "Simbolicamente, eliminar marcas do agressor representa retomar o controle sobre o próprio corpo e história", analisa a psicóloga Carla Silva, que não participou do caso mas comenta o fenômeno.

Enquanto isso, nas praias de Santos, vida segue - mas para esta médica corajosa, nada será como antes. Ela aprendeu, da maneira mais brutal possível, que alguns amores não merecem ser eternizados. Nem na pele, nem no coração.