Mãe já havia alertado: medida protetiva foi ignorada antes de filha ser espancada por empresário em MT
Mãe alertou sobre agressor antes de ataque em Cuiabá

A gente sempre acredita que o pior não vai acontecer. Mas às vezes, o pior não só acontece como avisa que está chegando. E foi exatamente isso que se desenrolou nas ruas de Cuiabá, num daqueles casos que deixam qualquer um se perguntando: até quando?

Duas semanas. Catorze dias que poderiam ter feito toda a diferença. Foi esse o tempo que separou um pedido de socorro formal — uma medida protetiva — de uma cena de horror nas vias públicas da capital mato-grossense.

A mãe, aquela que conhece cada olhar da filha, cada silêncio que esconde medo, já tinha visto a tempestade se formando no horizonte. Com a intuição afiada de quem ama, correu à Justiça. Pediu proteção. Alertou sobre o empresário que, nas sombras, representava uma ameaça crescente.

O sistema falhou. E o pior aconteceu

Pois bem. O sistema — aquele que deveria ser nosso porto seguro — pareceu surdo ao desespero materno. A burocracia, lenta como um rio pesado, não conseguiu chegar a tempo de evitar o inevitável.

E então veio o dia. Nas ruas, em plena luz — porque a violência, quando decide aparecer, raramente se esconde — o empresário encontrou a jovem. E ali mesmo, diante de testemunhas provavelmente paralisadas pelo choque, desferiu sua fúria.

A agressão foi tão brutal quanto previsível. Os socos, os gritos, o desespero — tudo aquilo que uma medida protetiva tentou, em vão, impedir.

Um retrato cruel de um problema que insiste em se repetir

O que mais corta fundo nessa história toda é a sensação de déjà vu. Quantas vezes já vimos esse filme? Quantos pedidos de ajuda ignorados, quantos avisos tratados como exagero, quantas mulheres tendo que provar que estão realmente em perigo?

O empresário — cujo nome, por questões legais, permanece guardado — agora responde criminalmente. Mas a pergunta que não quer calar é: será que a Justiça aprendeu alguma coisa com isso?

Porque olha, não é difícil conectar os pontos. Mulher sente medo. Mãe percebe o perigo. Medida protetiva é solicitada. E nada — absolutamente nada — impede que a violência aconteça.

O que falta para que o sistema funcione?

É desolador pensar que, em pleno 2025, ainda precisamos discutir o óbvio: quando uma mulher pede proteção, ela está pedindo por sua vida. Não é drama, não é frescura, não é exagero.

A agressão em Cuiabá escancara uma verdade dura: nossos mecanismos de proteção ainda falham de maneira catastrófica. E o preço dessas falhas? Bem, as vítimas é que pagam, com hematomas e traumas que podem durar uma vida inteira.

Enquanto isso, seguimos na esperança — talvez ingênua — de que casos como esse sirvam de alerta. De que talvez, da próxima vez, o pedido de uma mãe assustada seja ouvido antes que seja tarde demais.