Idosa sofre maus-tratos em área nobre de Brasília: vítima não tem para onde ir após resgate
Idosa vítima de maus-tratos em Brasília sem abrigo

Uma cena que envergonha qualquer sociedade civilizada. Numa daquelas ironias cruéis que só a vida sabe criar, uma senhora de idade avançada vivia sob constante ameaça justamente num dos bairros mais chiques da capital federal - onde mansões milionárias escondem histórias que ninguém gostaria de contar.

A delegada responsável pelo caso - que prefere não se identificar - contou com a voz embargada os detalhes do resgate. "Quando chegamos lá, era como se o tempo tivesse parado nos piores pesadelos dos anos 1950", desabafou. A vítima, frágil como um passarinho no inverno, apresentava marcas visíveis de longos períodos de negligência.

O que aconteceu depois do resgate?

Eis aí o drama dentro do drama. Tirar a idosa daquela situação foi apenas o primeiro passo - e talvez o mais fácil. Agora, as autoridades se veem diante de um quebra-cabeça social: onde colocar essa senhora que, literalmente, não tem mais ninguém no mundo?

"Temos um vácuo institucional preocupante", admite a delegada, enquanto acaricia distraidamente uma xícara de café já frio. Os abrigos públicos estão superlotados. As casas de repouso particulares cobram valores proibitivos. E a família? Bem, essa parte da história é justamente o que levou a essa situação deplorável.

Números que assustam

  • Segundo o Disque 100, casos como esse aumentaram 23% só no primeiro semestre
  • 7 em cada 10 vítimas são mulheres acima de 60 anos
  • Apenas 15% dos municípios brasileiros possuem abrigos especializados

Enquanto isso, na sala de espera da delegacia, a idosa - cujo nome não podemos divulgar - observa o movimento com olhos que já viram demais. Seu único pertence? Uma bolsa de plástico com dois remédios e uma foto amarelada de tempos melhores. "Às vezes o pior castigo não é a violência, mas o silêncio que vem depois", filosofa uma das atendentes, enquanto preenche a papelada burocrática.

O caso segue sob investigação, mas uma coisa é certa: enquanto discutimos políticas públicas e estatísticas, há vidas reais esperando por justiça - e, principalmente, por um pouco de dignidade.