Nove meses após feminicídio em Canoas, família de enfermeira morta pelo ex clama por justiça: 'Era amor em forma de gente'
Feminicídio em Canoas: 9 meses sem justiça

O tempo não apaga a dor. Nem a revolta. Nove meses se passaram desde aquele dia fatídico em Canoas, quando a enfermeira — que iluminava vidas com seu sorriso contagiante — teve a sua apagada pelas mãos de quem jurou amá-la. O ex-companheiro, em um acesso de ódio e posse, transformou amor em tragédia.

"Ela era pura luz. O tipo de pessoa que fazia o dia dos outros melhor só por existir", desabafa a irmã, com a voz embargada. A família — ainda atordoada pelo vazio — agora enfrenta outra batalha: a lentidão da Justiça.

O crime que chocou o RS

Foi num sábado comum que o incomum aconteceu. Ele a esperou na garagem do prédio, armado. Quando ela chegou do trabalho — cansada de salvar vidas — teve a sua tirada em segundos. Os tiros ecoaram como um soco no estômago da cidade.

Os vizinhos até hoje se lembram:

  • O barulho ensurdecedor
  • Os gritos
  • O desespero da filha do casal, que presenciou tudo

"Isso aqui não é caso, é gente", protesta o pai da vítima, segurando com força a foto da filha. O processo anda a passos de tartaruga, enquanto a família vive num limbo entre a saudade e a fúria.

Justiça que tarda...

O advogado da família não esconde a frustração: "Temos provas contundentes, testemunhas, histórico de ameaças... e o réu continua solto, respondendo em liberdade". A defesa do acusado alega — pasmem — "legítima defesa da honra". Como se honra e assassinato pudessem sequer dividir a mesma frase.

A cada audiência adiada, a família desaba um pouco mais. "Parece que mataram ela de novo", confessa a mãe, enxugando lágrimas com a manga do casaco.

Um grito por mudanças

Enquanto isso, amigos organizam protestos. Pintam muros com seu nome. Mantêm viva a memória de quem "não era estatística, era sonhos interrompidos". Canoas — cidade que já viu outros casos assim — parece cansada de velar suas filhas.

"Até quando?", perguntam os cartazes. A pergunta fica no ar, pesada, sem resposta. Enquanto isso, em algum lugar, outra mulher olha o relógio e acelera o passo ao ouvir passos atrás de si. A sombra do medo é longa.

PS: O réu nega as acusações. A Justiça promete celeridade. As velas na porta do prédio onde tudo aconteceu já se apagaram faz tempo. Mas a chama da indignação? Essa só cresce.