
Imagine ter coragem de pegar o celular, gravar um vídeo e enviar para as autoridades. Foi exatamente isso que uma adolescente fez no interior de Alagoas, e o resultado foi a prisão do homem que supostamente a violentou. A história, que parece saída de um roteiro de filme, infelizmente é real e aconteceu essa semana.
Segundo fontes policiais, o vídeo — gravado com aquele misto de medo e determinação que só quem já esteve no limite entende — chegou às mãos dos investigadores na terça-feira (23). Em menos de 24 horas, o suspeito, cuja identidade não foi revelada (porque a lei protege até os piores quando o caso envolve menores), estava atrás das grades.
"Eu não aguento mais"
As palavras da vítima, segundo quem teve acesso ao material, eram cortantes. "Ele me ameaçava, dizia que ninguém ia acreditar em mim", relatou a garota no vídeo, que deve servir como principal prova no processo. Detalhe: ela guardou provas no próprio telefone por semanas antes de decidir denunciar.
O delegado responsável pelo caso — um cara que já viu de tudo nessa vida — confessou aos repórteres que ficou impressionado com a frieza do acusado durante a prisão. "Age como se não tivesse feito nada demais", resumiu, com aquela voz cansada de quem lida com a pior face humana diariamente.
Por que isso importa?
- A cada hora, 3 meninas menores de 18 anos sofrem violência sexual no Brasil
- 70% dos casos acontecem na casa da vítima ou do agressor
- Só 10% chegam a ser denunciados — a maioria fica no "segredo de família"
E aqui vai um dado que dói: segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Alagoas está entre os estados com maior subnotificação de crimes sexuais. Ou seja, esse caso poderia facilmente ter virado mais uma estatística oculta.
Mas não virou. Graças àquela adolescente que, mesmo tremendo, apertou o botão "gravar".
O que vem agora? O tal homem — que a gente nem deveria chamar de "homem", mas de "indivíduo" — vai responder por estupro de vulnerável. Se condenado, pode pegar até 15 anos. Mas sabemos como a Justiça brasileira funciona: devagar, quando funciona.
Enquanto isso, a menina recebe acompanhamento psicológico. E a gente fica aqui pensando: quantas outras não têm sequer coragem de apertar o botão "gravar"?