
Os números são de cortar o coração — e não param de subir. Enquanto o país discute economia e política, uma tragédia silenciosa vai se alastrando nos lares brasileiros: a violência contra crianças e adolescentes bateu recorde em 2025, com aumento expressivo em todas as faixas etárias.
Segundo levantamentos que circulam nos bastidores dos órgãos de proteção, os casos de agressão física subiram quase 30% nos primeiros seis meses do ano. E o pior? A maioria esmagadora vem de dentro de casa. "É como se a pandemia tivesse deixado sequelas invisíveis nas relações familiares", comenta uma assistente social que prefere não se identificar.
Os números que ninguém quer ver
Entre janeiro e junho deste ano:
- Crianças de 0 a 5 anos: aumento de 22% nos registros
- De 6 a 12 anos: salto de 34% (o maior da série histórica)
- Adolescentes (13-17): 28% mais casos que no mesmo período de 2024
E não pense que é só violência física. Os relatos de abuso psicológico — aqueles que não deixam marcas visíveis, mas destroem por dentro — explodiram. Quase 60% dos atendimentos nos CRAs (Centros de Referência de Assistência Social) envolvem esse tipo de violência.
O que está por trás desse pesadelo?
Especialistas apontam um coquetel explosivo:
- Crise econômica apertando o bolso das famílias
- Estresse pós-pandemia que ninguém soube lidar direito
- Falta crônica de políticas públicas eficientes
- Normalização da violência como "método educativo"
E tem mais: os canais de denúncia, como o Disque 100, estão recebendo menos ligações. Será que os casos diminuíram? Nada disso. O que acontece, na verdade, é que as pessoas estão com medo de denunciar — ou pior, acham que "problema de família" não é da conta de ninguém.
Enquanto isso, nas varas da Infância e Juventude, os processos se acumulam. Juízes ouvidos pela reportagem (sem querer aparecer, claro) reclamam da lentidão do sistema. "Às vezes, quando conseguimos agir, o dano já é irreversível", desabafa um magistrado com mais de 20 anos de experiência.
E agora?
Algumas luzes no fim do túnel:
- Projetos de lei tramitando para endurecer punições
- Campanhas de conscientização ganhando força nas redes
- ONGs desenvolvendo métodos inovadores de acolhimento
Mas é pouco. Muito pouco. Enquanto sociedade, precisamos acordar para esse massacre silencioso. Como diz aquela velha máxima: "As crianças de hoje são o Brasil de amanhã". Que país estamos construindo?