
Não é exagero dizer que os números fazem o coração apertar. Santa Catarina, estado conhecido por suas praias paradisíacas e qualidade de vida, esconde um triste paradoxo: figura como o terceiro no ranking nacional de maus-tratos contra crianças e adolescentes. Os dados, fresquinhos como pão de ontem, mostram que a cada 10 mil habitantes, 8,5 sofrem com essa realidade dura.
Parece até contradição, não? Num lugar que muitos consideram quase um pedaço do paraíso, crianças enfrentam situações que nem o pior pesadelo deveria ter. E o pior: a maioria dos casos acontece dentro de casa, com pessoas que deveriam proteger.
Os números que doem
Vamos aos fatos, porque eles gritam mais alto que qualquer opinião:
- Taxa de 8,5 registros por 10 mil habitantes - só perde para Mato Grosso e Rondônia
- Maioria envolve violência psicológica e física
- 60% dos casos ocorrem no ambiente familiar
"É como se a violência tivesse endereço certo", comenta uma assistente social que prefere não se identificar. Ela trabalha na linha de frente e vê diariamente cenas que "arrancam pedaços da alma".
Por que SC aparece tão mal no mapa?
Especialistas apontam três fatores principais:
- Subnotificação menor - talvez se denuncie mais aqui que em outros estados
- Estrutura de atendimento - centros especializados acabam revelando casos ocultos
- Cultura do silêncio que começa a se quebrar
Mas atenção: isso não é consolo. "Melhorar nos rankings não significa vitória", alerta o psicólogo Carlos Mendes, que trabalha com vítimas há 15 anos. Segundo ele, muitos casos ainda são "varridos para debaixo do tapete" por medo ou desconhecimento.
E você, sabia que a escola é o local onde mais se identificam esses casos? Professores estão na linha de frente dessa guerra silenciosa, muitas vezes sendo os primeiros a notar hematomas físicos e emocionais.
O que está sendo feito?
O governo estadual prometeu aumentar em 30% os investimentos em programas de proteção, mas... (sempre tem um mas) especialistas questionam se o dinheiro chegará aonde realmente importa. Enquanto isso, ONGs trabalham com o que têm - às vezes, quase nada.
Se tem uma lição que esses números ensinam, é que beleza natural não protege contra a crueldade humana. Santa Catarina precisa acordar para esse problema antes que mais infâncias sejam roubadas.