Mãe em Desespero Fere Enfermeira com Agulha Contaminada por HIV em Hospital de BH: Ataque Acontece Após Morte de Bebê
Mãe fere enfermeira com agulha com HIV em BH

O que leva uma mãe, já tão castigada pela dor, a cometer um ato tão extremo? O corredor do Hospital Infantil João Paulo II, em Belo Horizonte, virou palco de uma cena de puro desespero na última segunda-feira. E olha que eu já vi cada coisa nesses anos todos cobrindo saúde, mas essa me pegou de jeito.

Era por volta das 15h quando tudo aconteceu. Uma mulher de 32 anos — cujo nome, é claro, não vou divulgar — acabara de receber a notícia mais cruel que uma mãe pode ouvir: seu bebê de apenas 4 meses, que lutava contra complicações relacionadas ao HIV, não havia resistido.

E então, num daqueles momentos em que a razão simplesmente abandona a gente, ela partiu para o ataque. Pegou uma agulha que tinha sido usada no próprio filho — você está entendendo a gravidade disso — e feriu uma enfermeira de 41 anos que tentava acalmá-la.

Os minutos de terror no hospital

A cena foi de caos. A profissional, que dedicou sua vida a cuidar de crianças doentes, agora precisa enfrentar o medo de ter sido contaminada. Imagina só o psicológico dessa mulher? Uma coisa é o risco ocupacional que todo profissional de saúde conhece, outra é ser alvo de um ataque deliberado.

Testemunhas contam que a mãe estava "fora de si", gritando que "se seu filho tinha que morrer, outros também deveriam sofrer". É aquele tipo de fala que vem da dor mais profunda, mas que não justifica — jamais justifica — colocar outra vida em risco.

E agora, o que acontece?

A enfermeira já começou o protocolo de profilaxia pós-exposição. São aqueles coquetéis que, se tomados rapidamente, podem impedir a infecção pelo HIV. Mas convenhamos: o trauma psicológico não tem remédio tão eficaz assim.

Enquanto isso, a mãe foi levada para o Instituto Raul Soares, uma unidade de saúde mental. E cá entre nós, ela também precisa de ajuda — muita ajuda. Perder um filho é algo que destrói qualquer pessoa por dentro.

A Polícia Civil abriu inquérito para investigar tentativa de homicídio qualificado. Sim, você leu certo: homicídio qualificado. Porque usar uma agulha contaminada intencionalmente é tratado com extrema seriedade pela lei.

O outro lado dessa tragédia

O que muita gente não para para pensar é que essa história começa muito antes do ataque. Começa com um bebê que nasceu com HIV — algo que, hoje em dia, com o pré-natal adequado, é praticamente 100% evitável. A transmissão vertical, como os médicos chamam, poderia ter sido prevenida.

E isso me faz questionar: onde foi que nosso sistema de saúde falhou com essa família antes mesmo de tudo isso acontecer? Será que oferecemos todo o suporte necessário às gestantes soropositivas?

O hospital emitiu uma nota dizendo que "repudia veementemente qualquer tipo de violência contra seus profissionais" e que está prestando todo suporte à enfermeira. Mas, convenhamos, notas são só palavras. O estrago já está feito.

Esse caso escancara várias feridas nossas, da sociedade. Mostra a dor silenciosa das mães que carregam o vírus e temem pelos seus filhos. Revela a vulnerabilidade dos profissionais de saúde que arriscam suas vidas diariamente. E expõe como o luto pode, em alguns casos raros, se transformar em violência.

Enquanto escrevo isso, não consigo deixar de pensar nas duas mulheres envolvidas: uma presa no turbilhão da loucura momentânea, outra no pesadelo da espera por resultados de exames. Duas vidas destruídas por uma tragédia que poderia — e deveria — ter sido evitada em vários momentos diferentes.