A gente até tenta acreditar que algumas histórias são exagero. Mas essa aqui, meus amigos, é daquelas que dão nó no estômago. Nesta terça-feira, primeiro de outubro, a polícia fez uma descoberta que deixou até os agentes mais experientes de cabelo em pé.
Imagine só: uma senhora de 81 anos, que devia estar curtindo a melhor idade com dignidade, vivendo praticamente como prisioneira na própria casa. E adivinha quem era o carcereiro? O próprio filho.
Cativeiro à vista de todos
O caso aconteceu na Rua Doutor Raul Veiga, no centro de Bom Jesus do Itabapoana, interior do Rio. A situação veio à tona depois que vizinhos, não aguentando mais ouvir gritos e choros, resolveram fazer a coisa certa e acionaram a polícia.
Quando os PMs chegaram ao local, encontraram uma cena que eu, particularmente, acho difícil de digerir. A idosa estava visivelmente assustada, desidratada, com marcas de violência espalhadas pelo corpo. O ambiente? Sujo, bagunçado, totalmente inadequado para qualquer ser humano, quanto mais para uma senhora dessa idade.
E o pior de tudo: o suspeito, um homem de 46 anos, estava ali, tranquilão, como se nada de errado estivesse acontecendo.
"Ela não pode sair sozinha"
O que me deixa mais perplexo nesses casos é a naturalidade com que alguns agem. Durante o depoimento, o filho tentou justificar o injustificável. Disse que a mãe tinha "problemas para andar" e que por isso precisava ficar reclusa.
Ora, convenhamos - problemas de mobilidade justificam cuidados, não prisão domiciliar. Os policiais, é claro, não compraram essa versão furada. As evidências físicas e o relato dos vizinhos contavam uma história bem diferente.
Ah, e tem um detalhe que faz a situação ficar ainda mais absurda: a casa tinha grades nas janelas. Muitas grades. Coisa de quem realmente não quer que ninguém saia dali.
O resgate que veio tarde
A idosa foi levada às pressas para o Hospital Armando Vidal, onde recebeu os primeiros cuidados. Os médicos constataram desidratação severa e múltiplos ferimentos - alguns recentes, outros mais antigos. Isso indica, pra mim, que a situação já vinha de longa data.
Enquanto isso, o filho foi direto para a cadeia. Preso em flagrante por maus-tratos, ele agora responde ao processo na Central de Flagrantes. A defesa, se é que vai ter coragem de tentar, vai precisar de um milagre para explicar essa barbaridade toda.
E os vizinhos?
Bom, aqui vai um alívio nessa história triste: os vizinhos finalmente agiram. Demorou? Talvez. Mas pelo menos fizeram a denúncia. Às vezes a gente fica com medo de se meter em "problema alheio", mas e daí? Melhor se arrepender de ter ajudado do que de ter ficado quieto vendo uma injustiça acontecer.
O caso segue sob investigação, e a idosa deve ser encaminhada para a casa de familiares ou para uma instituição especializada. Tomara que ela consiga, nos anos que ainda tem pela frente, conhecer um pouco de dignidade e respeito.
Porque essa, convenhamos, é a parte mais triste: a pessoa que deveria proteger era justamente a que mais machucava.
