
Um levantamento inédito do Ministério Público do Rio de Janeiro revela um cenário que preocupa especialistas em proteção à infância. Crianças na primeira infância e meninas representam a maioria dos acolhidos em abrigos fluminenses, segundo dados coletados entre agosto e setembro de 2024.
Perfil dos acolhidos: números que impressionam
Do total de 2.361 crianças e adolescentes em situação de acolhimento no estado, 53% são do sexo feminino. A predominância de meninas nos abrigos chama a atenção e levanta questões sobre as vulnerabilidades específicas que afetam essa população.
Outro dado significativo mostra que 35% das crianças acolhidas têm entre 0 e 6 anos de idade, fase crucial para o desenvolvimento infantil. A presença marcante de crianças tão pequenas no sistema de acolhimento institucional preocupa especialistas.
Distribuição geográfica: onde estão essas crianças?
O censo identificou que a Região Metropolitana concentra 64% dos abrigos do estado, com 111 unidades de acolhimento. A capital fluminense responde por 37 desses estabelecimentos, enquanto a Baixada Fluminense abriga 35 unidades.
Nas demais regiões do estado, a distribuição é a seguinte:
- Norte Fluminense: 19 abrigos
- Região Serrana: 16 abrigos
- Região dos Lagos: 15 abrigos
- Noroeste Fluminense: 9 abrigos
- Centro-Sul: 7 abrigos
- Médio Paraíba: 6 abrigos
Metodologia do censo: como foi feito o levantamento
O trabalho de coleta de dados foi realizado pelo Projeto Criança Rio, iniciativa do Centro de Apoio Operacional das Promotorias da Infância e Juventude (Caop IJ). As informações foram coletadas diretamente nos abrigos através de questionários presenciais aplicados pelos próprios promotores de Justiça.
"Essa abordagem garante maior confiabilidade nos dados e permite um retrato mais fiel da realidade do acolhimento institucional no estado", explica a coordenadora do projeto.
O que esses números revelam sobre nossa sociedade?
A predominância de crianças pequenas e meninas nos abrigos aponta para questões estruturais profundas. Especialistas em direitos da criança alertam que esses dados refletem:
- Vulnerabilidade familiar: Situações de pobreza extrema e fragilidade dos vínculos familiares
- Violência doméstica: Meninas frequentemente são mais afetadas por certos tipos de violência intrafamiliar
- Falta de políticas preventivas: Escassez de programas que fortaleçam as famílias antes que a separação se torne necessária
Os dados do censo servem como um importante instrumento para orientar políticas públicas mais efetivas de proteção à infância e ao adolescência no estado do Rio de Janeiro.