Imagine pegar um celular recém-comprado - por um preço tentador, é claro - e de repente se deparar com um aviso da polícia na tela. Pois é exatamente isso que vai acontecer com quem adquirir um dos 15 mil aparelhos roubados que estão na mira das autoridades paulistas.
A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo está prestes a botar em prática uma daquelas ideias que a gente pensa: "Por que ninguém fez isso antes?" A partir desta quarta-feira, começa uma operação massiva de envio de alertas para dispositivos móveis registrados como roubados.
Como a mágica funciona
O mecanismo é mais simples do que parece, mas promete ser bem eficaz. A polícia utiliza um sistema que envia notificações diretamente para a tela inicial dos celulares - algo parecido com aqueles alertas de emergência que a gente recebe quando há tempestade ou criança desaparecida.
O detalhe crucial? Essas mensagens não podem ser facilmente ignoradas ou apagadas. Elas vão aparecer sempre que o aparelho for ligado ou desbloqueado. Uma espécie de lembrete incômodo - e necessário - para quem está com um produto de origem duvidosa.
Os números que assustam
São Paulo vive uma verdadeira epidemia de roubos de celulares. Só no primeiro semestre deste ano, foram mais de 130 mil ocorrências registradas. Isso dá uma média assustadora: um celular é roubado a cada dois minutos na capital paulista.
O que mais preocupa as autoridades - e deveria preocupar a todos nós - é que muitos desses aparelhos seguem sendo usados normalmente depois do roubo. É aí que entra a nova estratégia.
Mudando o jogo
O coronel José Ronaldo, um dos responsáveis pela operação, explica que o objetivo vai além de simplesmente recuperar aparelhos. "Queremos cortar o mal pela raiz", diz ele, com a convicção de quem já viu de tudo nessa guerra contra o crime.
A lógica é brilhante na sua simplicidade: se o comprador souber que está adquirindo um produto roubado - e que a polícia está de olho -, o mercado para esses aparelhos diminui. Sem compradores, o roubo deixa de ser tão lucrativo.
É aquela velha história: oferta e demanda. Só que, desta vez, a lei está do lado da oferta.
E se você receber o alerta?
Bom, se o seu celular de repente mostrar uma mensagem da polícia afirmando que foi roubado, a recomendação é clara: não ignore. As autoridades orientam que a pessoa entre em contato imediatamente para regularizar a situação.
Não se trata necessariamente de prender quem comprou o aparelho - muitas vezes a pessoa adquire sem saber da origem ilícita. O foco é educar e recuperar os dispositivos para devolvê-los aos verdadeiros donos.
Afinal, quem nunca perdeu um celular sabe a dor de cabeça que é: além do prejuízo financeiro, há fotos, contatos, mensagens... É como perder um pedaço da vida.
Uma luz no fim do túnel?
Especialistas em segurança veem a iniciativa com bons olhos, mas fazem ressalvas. "É mais uma ferramenta no combate ao crime, não uma solução mágica", pondera uma analista que prefere não se identificar.
O fato é que, enquanto não resolvemos os problemas sociais que levam ao aumento da criminalidade, toda medida que dificulte a vida dos bandidos é bem-vinda.
Restam dúvidas, claro. Será que os ladrões vão encontrar brechas no sistema? O tempo - e os números dos próximos meses - dirão.
Por enquanto, São Paulo testa uma abordagem inovadora. E, convenhamos, depois de tantas más notícias sobre segurança pública, qualquer sinal de criatividade no combate ao crime merece ser comemorado.
Ou pelo menos observado com esperança.
