
Não é novidade que o transporte público em São Paulo vive dias tensos — especialmente em certas linhas que viraram alvo preferencial de bandidos. Mas a prefeitura decidiu jogar pesado nesse tabuleiro. A partir desta semana, agentes da Guarda Civil Metropolitana (GCM) começaram a patrulhar ativamente os coletivos mais visados pela marginalidade.
A estratégia? Simples e direta: botar a cara no sol. Os guardas, fardados e armados, passaram a circular como passageiros comuns nas rotas que concentram o maior número de ocorrências. "É como pescar com dinamite", brincou um motorista veterano que prefere não se identificar — mas logo emenda: "Mas é o que tá precisando, infelizmente."
Linhas quentes no radar
Segundo dados internos da SPTrans obtidos pela reportagem, três corredores concentram 60% dos assaltos:
- Corredor Norte-Sul (especialmente no trecho da Zona Leste)
- Linhas que cortam a região da Cracolândia
- Ônibus noturnos da periferia
E não se engane: os criminosos estão ficando criativos. Celulares roubados? Só com a senha desbloqueada. Relógios e joias? Só se forem de alto valor. Até mochilas estão sendo revistadas pelos bandidos — que agora trabalham com "catálogos" de produtos desejados.
Reação dos passageiros
Na linha 1756-10, que liga o Brás a Itaquera, a presença dos guardas gerou reações mistas. "Achei estranho no começo, pensei que iam multar alguém", confessou Dona Marta, diarista de 54 anos que usa a linha há década. "Mas depois que expliquei que tão aqui pra nos proteger, ela até pediu pra sentar do lado."
Já os mais jovens parecem menos impressionados. "Tá bom, mas e amanhã?" questiona Ricardo, estudante de 19 anos. "Não adianta fazer operação pinta e vira. Tem que ter sempre." Um ponto justo — e que a prefeitura promete estar considerando.
Números que assustam
Só nos últimos três meses:
- 47 assaltos registrados em apenas uma linha
- Aumento de 22% nos roubos a passageiros
- 6 casos de arrastão em plena luz do dia
Os dados são da própria Secretaria de Segurança Pública, que agora aposta nessa "guerrilha urbana" para virar o jogo. Será que vai dar certo? Bom, pelo menos os criminosos já sabem: o ônibus pode estar vindo com surpresa.