
Imagine ligar para o 193 desesperado, com alguém passando mal ou em perigo, e ouvir um silêncio no outro lado da linha — ou pior, uma risada. É isso que os bombeiros do Distrito Federal enfrentam diariamente. E não é brincadeira.
Segundo dados divulgados, quase metade das chamadas recebidas pelo serviço de emergência são falsas. Isso mesmo: metade. Enquanto alguém faz graça, pode haver uma família inteira esperando por ajuda que não chega.
O custo invisível dos trotes
Não é só tempo que se perde. Cada deslocamento desnecessário consome combustível, desgasta equipamentos e — o pior — deixa equipes inteiras indisponíveis para quem realmente precisa. "É como correr atrás do vento", desabafa um sargento que prefere não se identificar.
- Recursos limitados: Viaturas e equipes não são infinitas
- Tempo crítico: Minutos podem significar vida ou morte em emergências reais
- Desgaste emocional: Profissionais se frustram ao descobrir que era "só zoeira"
E quando a piada vira crime?
Pouca gente sabe, mas fazer trote para serviços de emergência não é só falta de educação — é crime. A lei prevê multa e até detenção de um a três anos. Mas, entre nós, o maior castigo deveria ser a consciência pesada de quem pode ter impedido o socorro de alguém em necessidade.
"Já atendemos casos em que a mesma pessoa ligou 15 vezes em uma hora", conta uma bombeira. "Enquanto isso, não conseguíamos atender idosos com quedas e crianças engasgadas."
O recado é claro: o 193 não é WhatsApp de grupo de amigos. É linha direta entre o perigo e o socorro. Use com responsabilidade — ou melhor ainda: não use, a menos que precise de verdade.