
Era pra ser mais um dia comum em Manaus, mas a operação que rolou nesta terça-feira (1°) mostrou que a realidade pode ser bem mais sombria do que imaginamos. Um sargento da Polícia Militar, justamente quem deveria proteger a população, foi preso sob a pesada acusação de mandar matar um músico. E olha que o negócio é ainda mais sinistro.
Quando os investigadores da Polícia Civil bateram na porta da casa do sargento Raimundo Nonato Ferreira, de 46 anos, eles se depararam com algo que beira o inacreditável. Mais de vinte armas — sim, você leu direito — estavam ali, guardadas como se fossem troféus. Um verdadeiro arsenal particular que incluía até mesmo um fuzil. Cadê a racionalidade nisso?
O que a polícia encontrou na casa do PM
Vamos aos detalhes, porque eles são importantes pra entender a dimensão dessa loucura:
- Pistolas de vários calibres, algumas que nem sequer eram de uso permitido pra civis
- Carregadores extras — muitos deles, diga-se de passagem
- Munição pra dar e vender, centenas de cartuchos
- E o tal fuzil, uma arma de guerra que não deveria estar nas mãos de qualquer cidadão
O delegado Bruno Barros, que tá coordenando as investigações, não escondeu o espanto. "A gente espera encontrar talvez uma arma irregular, mas um arsenal desse tamanho dentro de uma residência é algo que choca qualquer um", confessou ele, com aquela voz cansada de quem já viu de tudo nessa vida.
A trama do crime que levou à prisão
Agora, o que teria motivado um policial há 21 anos de carreira a se envolver numa trama tão escura? Segundo as investigações — e aqui a coisa fica ainda mais pesada —, tudo começou com uma dívida. O músico Carlos Eduardo, de apenas 28 anos, teria comprado uma motocicleta do sargento, mas atrasou alguns pagamentos.
Parece pouco, né? Só que ao invés de buscar a Justiça, o PM escolheu um caminho bem diferente. A polícia acredita que ele contratou um matador de aluguel para resolver o problema de forma definitiva. O músico foi executado a tiros no último dia 19 de setembro, num bairro da Zona Leste de Manaus. Uma vida cortada pela metade por causa de uma dívida.
O que me deixa pensando: como alguém que jurou proteger vidas consegue dormir tranquilo depois de uma coisa dessas?
As contradições de uma dupla vida
O mais paradoxal é que, enquanto mantinha esse arsenal em casa e supostamente articulava crimes, o sargento seguia sua rotina normal na corporação. Colegas o descrevem como "reservado" e "na dele". Ninguém — ou quase ninguém — desconfiava do lado obscuro que se escondia atrás da farda.
A Polícia Civil trabalha agora com a possibilidade de que algumas dessas armas possam ter sido usadas em outros crimes na região. É um quebra-cabeças que vai demandar semanas, talvez meses, de investigação minuciosa.
Enquanto isso, o sargento vai responder por homicídio qualificado — e olha que as qualificadoras são várias: motivo fútil, uso de recurso que impossibilitou a defesa da vítima, e até mesmo o envolvimento de organização criminosa. Não vai ser fácil escapar dessa.
O caso escancara uma realidade dura: quando quem deveria nos proteger se torna a ameaça, a sensação de insegurança se multiplica. E Manaus, que já enfrenta tantos desafios, agora precisa digerir mais esse baque.