
Imagine a cena: você está no seu local de trabalho, precisa urgentemente usar o banheiro, mas um fiscal aparece e simplesmente te impede. Foi exatamente isso que aconteceu com um motorista de ônibus em Goiânia na última segunda-feira — e o caso está dando o que falar.
O episódio, que beira o absurdo, ocorreu por volta das 14h30 no Terminal Padre Pelágio. O profissional — vamos chamá-lo de João por questões éticas — estava em seu intervalo entre uma viagem e outra. Naturalmente, como qualquer ser humano, foi ao banheiro. Eis que surge um fiscal da CMTC, a companhia municipal de transporte, e simplesmente veta o acesso do homem ao sanitário.
"Procedimento padrão", diz empresa
Agora vem a parte que realmente espanta. Questionada sobre o ocorrido, a CMTC não apenas confirmou o fato como defendeu a atitude do fiscal. Em nota oficial, a empresa alegou que o funcionário apenas "cumpria determinação da empresa" ao impedir que o motorista usasse o banheiro do terminal.
O argumento? Que existe uma norma interna — pasmem — determinando que os banheiros dos terminais são exclusivos para passageiros. Os motoristas, segundo essa lógica peculiar, deveriam usar os sanitários disponíveis nos pátios das garagens.
Parece piada, mas não é.
O outro lado da moeda
O Sindicato dos Rodoviários, obviamente, não engoliu a explicação. Eles registraram um boletim de ocorrência na Delegacia de Repressão a Crimes contra a Cidadania, alegando constrangimento ilegal contra o trabalhador.
O fiscal em questão — cujo nome não foi divulgado — já era conhecido por supostamente perseguir funcionários. Segundo relatos, ele teria dito ao motorista: "Aqui não é McDonald's para ficar entrando e saindo". Uma frase que, convenhamos, demonstra total falta de empatia com necessidades humanas básicas.
E olha que o plot thickens: a CMTC admitiu que o fiscal já tinha uma advertência por comportamento inadequado. Mesmo assim, continua trabalhando — e agora protagoniza mais essa controvérsia.
O que diz a lei?
Do ponto de vista legal, a situação é no mínimo nebulosa. Especialistas em direito trabalhista ouvidos informalmente destacam que negar acesso a banheiro configura violação grave dos direitos fundamentais do trabalhador. É básico, né?
A empresa insiste que oferece banheiros adequados nos pátios. Mas a pergunta que não quer calar: e quando o profissional está longe da garagem, em um terminal, com poucos minutos de intervalo? Deveria segurar — literalmente — até conseguir retornar à base?
O caso segue sob investigação, mas já serve como um alerta sobre como tratamos aqueles que mantêm nossa cidade funcionando. Às vezes, as regras mais burocráticas nos fazem esquecer do simples fato de que estamos lidando com pessoas — com necessidades fisiológicas como qualquer um de nós.
No fim das contas, todo mundo precisa usar o banheiro. Até os fiscais.