
Eis que a semana começa com mais um daqueles casos que fazem a gente coçar a cabeça e perguntar: como assim? Um coronel da Polícia Militar do Rio, no comando do CPA-M3, foi exonerado do cargo após uma operação — daquelas que terminam em tragédia — durante uma festa junina no Morro Santo Amaro, no último domingo. Mas calma, a história não para por aí.
No mesmo dia, pasmem, o mesmo oficial foi nomeado para outra função dentro da corporação. Sobe e desce de cargo que até mareou o ritmo do forró.
A operação aconteceu durante a festa, por volta das 22h de domingo. Segundo a PM, a ação foi iniciada após denúncias de que criminosos estariam recrutando menores no local. No confronto que se seguiu, um homem foi baleado e morreu. A vítima foi identificada como Eduardo da Silva Ferreira, de 33 anos.
Troca de comandos num piscar de olhos
Em ordem publicada no Diário Oficial do estado nesta segunda-feira (9), a exoneração do coronel Alexandre Ferreira de Souza do comando do CPA-M3 foi oficializada. Mas, no mesmo documento — sim, no mesmo —, ele foi designado para servir no Gabinete do Comandante Geral da PMERJ.
Ou seja: saiu pela porta da frente e voltou pela dos fundos, mas ainda dentro do quartel.
O que a PM diz?
A Polícia Militar, por meio de sua assessoria, emitiu uma nota informando que a exoneração foi uma "decisão administrativa" e que a nomeação para o novo cargo "respeita a experiência do oficial". Eles reforçaram que o coronel continua à disposição da corporação e que o caso ainda está sob apuração interna.
Nada de mais, só o usual jogo de cadeiras musicais que todo mundo já conhece.
E a comunidade?
Do lado de lá, no Santo Amaro, o clima é de revolta. Moradores relatam que a operação foi intensa, desproporcional e assustadora. "Tava todo mundo dançando, comendo pipoca, e do nada começou a troca de tiro. Correu geral, criança chorando... foi um caos", contou uma testemunha que preferiu não se identificar.
Outros questionam a legitimidade da ação e pedem por investigações independentes. Afinal, uma vida foi perdida — e ninguém quer que vira estatística e some no esquecimento.
O caso já chegou à 5ª DP (Leblon), que investiga a morte de Eduardo. A PM garente que cooperará com a investigação, mas a sensação que fica é aquela velha história: tudo muda para continuar exatamente igual.