
A madrugada desta sexta-feira em Curicica, bairro da Zona Oeste carioca, foi marcada por uma tensão que os moradores já conhecem bem demais. Parecia mais um daqueles dias comuns na rotina das comunidades do Rio, mas a chegada do BOPE mudou completamente o jogo.
Por volta das 4h da manhã, enquanto a maioria da cidade ainda dormia, os policiais do Batalhão de Operações Especiais iniciaram uma ação que pegou todo mundo de surpresa. Eles entraram na comunidade com um objetivo claro: localizar e prender integrantes de uma facção criminosa que vem aterrorizando a região.
Tiroteio Intenso e Ação Imediata
O que se seguiu foi aquilo que, infelizmente, virou rotina em muitas partes do Rio. Um tiroteio pesado, com trocas de disparos que pareciam não ter fim. Os moradores, acostumados com essa realidade dura, sabiam exatamente o que fazer: se proteger, fechar as portas e torcer para que tudo acabasse logo.
E acabou mesmo. A ação da polícia foi rápida e precisa - dois homens foram presos em flagrante, acusados de tráfico de drogas. Mas o mais impressionante foi o material apreendido: uma pistola ponto 40, munição e, claro, uma quantidade significativa de drogas que seria distribuída pela comunidade.
O Que Diz a Polícia
De acordo com as informações que consegui apurar, a operação faz parte de um trabalho de inteligência que vinha sendo desenvolvido há semanas. Os policiais não chegaram lá por acaso - tinham informações concretas sobre a movimentação criminosa na área.
"É uma ação contínua", me explicou uma fonte da corporação que preferiu não se identificar. "Não vamos dar trégua para quem acha que pode transformar as comunidades em território do crime."
O que mais me chamou a atenção foi a determinação dos policiais em manter o reforço no policiamento. Eles não pretendem sair tão cedo de Curicica, o que, convenhamos, traz um certo alívio para quem mora lá.
E a População?
Enquanto escrevo estas linhas, não consigo deixar de pensar nas famílias que vivem nessa situação. Crianças que deveriam estar brincando, mas que precisam se esconder quando começa o barulho dos tiros. Trabalhadores que perdem o sono e chegam atrasados ao emprego. O custo humano é imenso.
Uma moradora, que pediu para não ser identificada por medo de represálias, me contou por telefone: "A gente vive num susto constante. Quando a polícia chega, a gente fica aliviado, mas também com medo dos tiros. É um dilema sem fim".
E ela tem razão. É como viver numa corda bamba - por um lado, a presença do Estado traz segurança; por outro, os confrontos trazem perigo imediato.
O Que Esperar dos Próximos Dias
A situação em Curicica me faz refletir sobre um problema muito maior que assola não só o Rio, mas todo o Brasil. Como equilibrar a ação policial necessária com a proteção da população? Como garantir que operações como essa não sejam apenas paliativas, mas parte de uma estratégia de segurança pública de longo prazo?
Por enquanto, o BOPE segue nas ruas de Curicica. As viaturas circulam, os policiais patrulham e a população tenta retomar sua rotina - se é que podemos chamar de rotina viver entre tiros e operações policiais.
O que vai acontecer nos próximos dias? Difícil dizer. Mas uma coisa é certa: os moradores de Curicica, assim como tantos outros cariocas, merecem mais do que viver entre o medo do crime e o temor dos confrontos. Merecem paz. E isso, meus amigos, é um direito básico que está sendo negado há tempo demais.