O Ministério Público do Piauí não poupou críticas ao que chamou de "medida desastrosa" — o fechamento da Delegacia de Proteção ao Menor, anunciado pelo secretário de Segurança do estado. A decisão, que pegou muitos de surpresa, foi classificada como "um passo atrás de décadas na proteção aos mais vulneráveis".
Não é todo dia que uma delegacia especializada simplesmente desaparece do mapa. E quando o assunto envolve crianças e adolescentes, a poeira sobe mais alto. "É como desmontar um hospital infantil durante uma epidemia", comparou um promotor que preferiu não se identificar.
O que está em jogo?
Segundo fontes do MP, a unidade fechada era responsável por:
- Investigar crimes contra menores
- Dar suporte a vítimas de violência doméstica
- Monitorar casos de exploração infantil
Sem essa estrutura, os casos — muitos deles delicadíssimos — seriam redistribuídos para delegacias comuns. "É colocar um coração transplantado nas mãos de um clínico geral", protestou uma assistente social com 12 anos de experiência no local.
O outro lado da moeda
A Secretaria de Segurança alega "racionalização de recursos" e promete que os serviços serão mantidos. Mas entre o discurso oficial e a realidade nas ruas, existe um abismo que preocupa:
- O Piauí registrou 1.200 casos de violência contra menores só em 2024
- 67% das ocorrências eram atendidas pela delegacia especializada
- O estado ocupa o 3° lugar no Nordeste em exploração sexual infantil
Curiosamente, a decisão veio num momento em que outros estados estão criando varas exclusivas para crimes contra crianças. Enquanto o Brasil avança em algumas regiões, no Piauí parece estar indo na contramão.
E agora? O MP já sinalizou que pode recorrer à Justiça se a medida não for revista. Enquanto isso, organizações de defesa dos direitos infantis prometem "não deixar barato". A polêmica, como se vê, está longe do fim.
