Meio século depois de uma morte que mudou os rumos do país, a Catedral da Sé foi palco de um emocionante ato inter-religioso nesta sexta-feira (25) em memória de Vladimir Herzog. O jornalista foi assassinado nas dependências do DOI-CODI em 1975, durante o regime militar, e seu caso se tornou símbolo da luta por democracia e direitos humanos.
Um Marco na História Brasileira
O evento reuniu representantes de diversas tradições religiosas - católicos, judeus, evangélicos, espíritas, budistas e muçulmanos - em uma demonstração de unidade em torno dos valores democráticos. A cerimônia contou com a presença de figuras importantes como o cardeal dom Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo, e rabinos da comunidade judaica.
A morte de Vlado, como era conhecido, provocou uma comoção nacional que acelerou o processo de abertura política. O jornalista de 38 anos foi preso, torturado e morto nas instalações do Exército, que tentou forjar um suicídio - versão desmentida por laudos periciais e pela Justiça anos depois.
Legado que Permanece
Além do aspecto religioso, o ato teve forte conotação política e social. Estiveram presentes:
- Familiares de Vladimir Herzog
- Representantes de entidades de direitos humanos
- Lideranças estudantis e sindicais
- Jornalistas e profissionais da comunicação
- Autoridades municipais e estaduais
O evento serviu não apenas como homenagem, mas como um alerta sobre os perigos do autoritarismo e a importância da liberdade de imprensa. Em tempos de ataques à democracia, a memória de Herzog se mantém mais atual do que nunca.
Reconhecimento Histórico
Em 2018, a Justiça Federal reconheceu a responsabilidade do Estado brasileiro pela morte de Vladimir Herzog, condenando a União a indenizar a família. Este reconhecimento judicial representa uma vitória tardia, mas significativa, na busca por verdade e justiça.
A cerimônia na Sé reforçou que a memória de Herzog continua viva, inspirando novas gerações na defesa da democracia e dos direitos humanos. Seu legado transcende o jornalismo, tornando-se parte fundamental da identidade democrática brasileira.