
Era pra ser um dia comum. Mais uma terça-feira no calendário escolar de Sobral, no interior do Ceará. Mas o que aconteceu naquela escola estadual vai marcar para sempre a memória da cidade. E o pior: o sistema de reconhecimento facial, aquele que deveria ser a grande barreira de proteção, simplesmente não funcionou quando mais precisavam dele.
Por volta das 10h da manhã, os sons que ecoavam pelos corredores não eram mais de aulas ou recreio. Eram tiros. Muitos tiros. E o desespero tomou conta de alunos, professores e funcionários que, em pânico, tentavam entender o que estava acontecendo.
O sistema que prometia segurança
E pensar que Sobral estava na vanguarda da segurança escolar. Desde 2023, as escolas municipais contavam com reconhecimento facial nos acessos. A prefeitura chegou a gastar uma pequena fortuna - R$ 1,2 milhão, para ser exato - implementando a tecnologia em 36 unidades.
Mas aí vem a ironia cruel do destino: a escola onde o tiroteio aconteceu era estadual, não municipal. E adivinhem? Não tinha o tal sistema. Uma daquelas falhas burocráticas que, no final das contas, custam vidas.
O secretário de Educação, Herbert Lima, tentou explicar a situação. "A gente implementou nas municipais, mas as estaduais são outra esfera". Parece justificação de político, não parece?
O que realmente aconteceu?
Os detalhes ainda estão sendo apurados, mas o que se sabe até agora é assustador. Dois adolescentes foram mortos. Dois jovens com toda a vida pela frente. Outros dois ficaram feridos, mas pelo menos estão com vida.
A Polícia Militar corre contra o tempo para desvendar esse quebra-cabeça macabro. Testemunhas falam em confusão, em correria, em gritos. O que teria motivado tamanha violência dentro de um espaço que deveria ser de aprendizado e proteção?
E a pergunta que não quer calar: será que o reconhecimento facial teria feito diferença? Impedido a entrada de armas? Alertado as autoridades? A gente nunca vai saber ao certo, e essa dúvida vai doer por muito tempo.
Uma cidade em estado de choque
Sobral não é mais a mesma. A notícia se espalhou rápido, como fogo em palha seca. Pais correndo para a escola, o celular na mão tentando falar com os filhos. O alívio de alguns, a dor devastadora de outros.
Nas redes sociais, a comoção é geral. Mensagens de solidariedade se misturam com cobranças por respostas. Como algo assim pode acontecer? Onde foi que a gente errou como sociedade?
Enquanto isso, as investigações seguem. A Polícia Civil está no local, coletando provas, ouvindo testemunhas. Prometem esclarecer tudo "o mais rápido possível". Mas será que algum dia vamos entender completamente o que levou a essa tragédia?
Uma coisa é certa: a discussão sobre segurança nas escolas nunca mais será a mesma em Sobral. E talvez em todo o Brasil.