
A tarde desta quarta-feira (23) começou com um silêncio pesado no bairro Levada, em Maceió. De repente, estampidos. Não foram fogos de artifício — eram tiros. E mudaram tudo.
Seu Antônio*, 68 anos, vendia remédios fitoterápicos numa barraca de rua, como fazia há décadas. "Ele era aquela figura que todo mundo conhecia", conta Dona Maria, vizinha que preferiu não revelar o sobrenome. "Trazia chás pra minha enxaqueca... Quem fará isso agora?"
O crime que não fez sentido
Por volta das 14h30, dois homens chegaram a pé. Usavam bonés aba reta — detalhe que ficou na memória dos que viram. Nenhuma palavra foi trocada antes dos disparos. "Parecia filme de terror", desabafa um adolescente que estava a 50 metros dali. "O senhor nem teve tempo de reagir."
Os assassinos fugiram correndo em direção à Rua do Comércio. A polícia encontrou quatro cápsulas de pistola calibre 380 no chão de terra batida. Nada foi roubado.
- Vítima: 68 anos, conhecido por vender remédios naturais
- Local: Barraca na Rua São Pedro, bairro Levada
- Arma: Pistola calibre 380 (4 disparos)
- Motivo: Ainda desconhecido — não houve tentativa de roubo
Reação da comunidade
O que mais impressiona nesse caso? A frieza. E o vazio que ficou. "A gente se pergunta se amanhã pode ser a nossa vez", diz uma professora aposentada enquanto acendia uma vela no local. O posto de saúde próximo fechou mais cedo — os funcionários estavam em choque.
Enquanto isso, a Delegacia de Homicídios tenta reconstruir o quebra-cabeças. Há rumores de que o idoso teria se envolvido em discussão com traficantes na semana passada. "Mas ele? Nunca!", rebate o dono do bar da esquina. "O homem só sabia falar de boldo e guaco."
O caso lembra outro crime ocorrido há três meses no bairro vizinho do Jacintinho — execução idêntica, motivação obscura. Seria coincidência? A Secretaria de Segurança Pública prometeu reforçar o policiamento, mas os moradores já ouviram isso antes.