
Eis que a rotina aparentemente comum de um domingo em Ribeirão Preto transformou-se num verdadeiro caldeirão político. O vereador Carlos Henrique "Bigodini" (PL), figura conhecida nos corredores do poder municipal, envolveu-se num daqueles acidentes de trânsito que, à primeira vista, parecem corriqueiros — mas que carregam consequências capazes de abalar até mesmo a mais sólida das carreiras políticas.
O episódio ocorreu na Avenida Luiz Galvão Cezar, por volta das 18h30 daquele domingo. Um Honda Fit azul, guiado pelo próprio edil, colidiu com um Toyota Corolla. Coisa rápida, sabe? Daquelas que acontecem quando a atenção falha por um segundo. Mas o problema — ah, o problema — foi o que veio depois.
O que realmente aconteceu após o acidente?
Aqui a coisa fica interessante. Segundo testemunhas e o boletim de ocorrência, Bigodini simplesmente... foi embora. Abandonou o local sem prestar socorro — algo que, convenhamos, não combina nem um pouco com o papel de um representante público. Só retornou mais tarde, quando a polícia já estava no local.
Parece familiar? Esse tipo de situação sempre gera aquela sensação de "impunidade" que tanto irrita o cidadão comum. E no caso de um vereador, a repercussão é imediata.
As consequências jurídicas e políticas
O Ministério Público já está de olho no caso. E não é brincadeira: estamos falando de possível processo por quebra de decoro parlamentar. Esse crime, definido pela Lei Orgânica do Município, pode até custar o mandato do vereador.
Imagine só: você é eleito para representar a população, comete uma infração de trânsito e ainda age de forma que muitos considerariam... bem, no mínimo irresponsável. A situação é delicadíssima.
O que diz a defesa?
O advogado do vereador, é claro, tem sua versão. Alega que Bigodini não fugiu — apenas se afastou para "buscar documentos". Uma explicação que, convenhamos, soa um tanto quanto frágil diante das circunstâncias.
E tem mais: o condutor do outro veículo relatou à polícia que o vereador parecia estar alcoolizado. Detalhe que, se comprovado, transforma completamente a natureza do ocorrido.
Por que esse caso importa?
Além do óbvio — um representante público supostamente descumprindo leis que ele mesmo ajuda a criar —, o caso levanta questões profundas sobre responsabilidade e exemplo.
- Um vereador deve seguir as mesmas regras que qualquer cidadão?
- O cargo público confere algum tipo de "blindagem"?
- Até onde vai a tolerância dos eleitores com esse tipo de comportamento?
Perguntas que, francamente, deveriam ser retóricas, mas que casos como este tornam dolorosamente necessárias.
Enquanto isso, na Câmara Municipal, o clima é de expectativa. Colegas de Bigodini evitam comentar o caso abertamente, mas nos bastidores não se fala em outra coisa. É aquela velha história: quando a água bate na bunda, todo mundo quer saber nadar.
O processo por quebra de decoro ainda não foi formalmente aberto, mas é quase uma certeza. Resta saber se a política local terá coragem de cobrar accountability de um dos seus — ou se vamos testemunhar mais um daqueles casos onde o poder protege o poder.
Uma coisa é certa: os eleitores de Ribeirão Preto não vão esquecer tão cedo desse domingo agitado. E Bigodini, com seu característico bigode, pode acabar entrando para a história da cidade por motivos bem diferentes dos que imaginava.