Bolsonaro condenado a 27 anos: fim da carreira e impacto nas eleições de 2026
Bolsonaro condenado a 27 anos por tentativa de golpe

O ex-presidente Jair Bolsonaro foi condenado a uma pena de 27 anos e três meses de prisão pela tentativa de golpe de Estado. A decisão histórica, proferida pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) no dia 24 de dezembro de 2025, coloca um ponto final na trajetória política do capitão, mas seu legado e influência devem continuar a ecoar nos palanques eleitorais.

Os detalhes da condenação e os outros réus

Por quatro votos a um, os ministros do STF consideraram Bolsonaro culpado por liderar uma tentativa de golpe. A sentença total soma 27 anos e três meses de reclusão. Junto com ele, outros trinta réus foram condenados como partícipes do mesmo plano.

Entre os nomes mais destacados estão ex-integrantes de seu governo, como os generais Walter Braga Netto (ex-ministro-chefe da Casa Civil), Augusto Heleno (ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional) e Paulo Sérgio Nogueira (ex-ministro da Defesa). Também foram sentenciados o delegado Anderson Torres, ex-ministro da Justiça, e o almirante Almir Garnier, ex-comandante da Marinha.

Atualmente, Bolsonaro cumpre prisão preventiva em uma sala-cela da superintendência da Polícia Federal, em Brasília. A previsão inicial é que ele permaneça ali até o ano de 2033, quando completará 78 anos. Se cumprir a pena integralmente, o ex-presidente estará com 97 anos ao final do período.

As tentativas de reverter a situação

Apesar da decisão judicial, Bolsonaro, sua família e seus apoiadores ainda buscam maneiras de reverter o quadro. A principal expectativa no âmbito jurídico é a possibilidade de o STF autorizar a progressão para o regime domiciliar, com base no estado de saúde do ex-presidente.

Bolsonaro enfrenta problemas de saúde sérios e necessita de cuidados especiais, uma condição que se agravou desde o atentado a faca que sofreu durante a campanha eleitoral de 2018.

No campo político, a estratégia tem sido diferente. Após a condenação, seus aliados tentaram mobilizar o Congresso Nacional para aprovar um projeto de lei que concederia anistia a todos os condenados pela intentona golpista. Tal medida, além de livrá-lo da prisão, eliminaria sua inelegibilidade, abrindo caminho para uma eventual candidatura nas eleições de 2026.

No entanto, especialistas consideram essa iniciativa bastante improvável de avançar. O próprio STF já sinalizou que consideraria a proposta inconstitucional caso fosse aprovada. Até o momento, o máximo que conseguiram foi fazer avançar uma proposta mais modesta, que prevê a redução de penas para os sentenciados.

O impacto no tabuleiro eleitoral de 2026

A condenação de Bolsonaro marca o fim de sua carreira política ativa, mas não de sua influência. O ex-presidente ainda detém um enorme capital eleitoral, que pretende usar como moeda de troca no cenário que se desenha para as próximas eleições.

Uma de suas jogadas foi avalizar a candidatura do filho, Flávio Bolsonaro, à Presidência da República. A manobra, porém, provocou um racha entre antigos aliados, em especial no bloco conhecido como Centrão, que vê a estratégia com desconfiança e busca outros nomes para apoiar.

O resultado dessa complexa equação política, seja a consolidação de Flávio como candidato viável, seja a fragmentação do eleitorado bolsonarista, influenciará decisivamente todos os palanques de 2026. A sombra do processo e da condenação do ex-presidente será um fator constante durante a campanha, definindo alianças e discursos dos principais candidatos.

A decisão do STF, portanto, é muito mais do que uma sentença judicial. É um evento que redefine forças, tensiona a base de apoio do ex-presidente e coloca novas variáveis em um processo eleitoral que promete ser dos mais acirrados da recente história democrática brasileira.