Um dos condenados pela tragédia da boate Kiss passa para regime aberto
Condenado pela boate Kiss passa para regime aberto

O Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJ-RS) autorizou a progressão de regime de um dos condenados pelo incêndio da boate Kiss, tragédia que completará 13 anos em 2026. Elissandro Spohr, ex-sócio da casa noturna, deixou o regime fechado e agora cumpre pena em regime aberto.

Detalhes da decisão e nova rotina

Spohr, que foi condenado a 22 anos e seis meses inicialmente e teve a pena reduzida para 12 anos, estava na Penitenciária Estadual de Canoas. Com a nova decisão, ele terá de usar tornozeleira eletrônica e se apresentar regularmente à Justiça. A Polícia Penal gaúcha confirmou nesta quarta-feira, 17 de dezembro de 2025, que já cumpriu a ordem judicial para a instalação do dispositivo de monitoramento.

A reportagem tentou contato com a defesa de Elissandro Spohr, mas não obteve retorno até o momento da publicação desta notícia.

Redução de penas e situação dos outros réus

A mudança no regime de Spohr é mais um capítulo no longo processo judicial do caso Kiss. Em agosto de 2025, o TJ-RS decidiu reduzir as penas dos quatro condenados após análise de recursos das defesas. A situação atual de cada um é a seguinte:

  • Elissandro Spohr: Pena original de 22 anos e 6 meses, reduzida para 12 anos. Autorizado a cumprir em regime aberto.
  • Mauro Londero Hoffmann (outro sócio): Pena original de 19 anos e 6 meses, fixada em 12 anos.
  • Marcelo de Jesus dos Santos e Luciano Bonilha Leão (integrantes da banda Gurizada Fandangueira): Penas originais de 18 anos, ajustadas para 11 anos. Em setembro, também foram autorizados a progredir para o regime semiaberto.

O caminho judicial foi turbulento. O júri que condenou os quatro réus foi anulado em agosto de 2022. Essa anulação foi mantida pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) em setembro de 2023. Porém, em fevereiro de 2025, a Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) reverteu a decisão, manteve as condenações e determinou a prisão imediata de todos os envolvidos.

Relembrando a tragédia

O incêndio que mudou a história da segurança pública em casas noturnas do Brasil ocorreu na madrugada de 27 de janeiro de 2013, em Santa Maria, Rio Grande do Sul. Durante uma festa universitária, um sinalizador (artefato pirotécnico) usado pela banda Gurizada Fandangueira atingiu o teto do local.

O teto era revestido com espuma acústica instalada de forma irregular, material altamente inflamável. O fogo se alastrou com velocidade assustadora e a queima da espuma liberou gases tóxicos. A maioria das 242 vítimas fatais morreu por asfixia, enquanto outras 636 pessoas ficaram feridas no que se tornou uma das maiores tragédias do país.

O caso continua a gerar debates sobre responsabilidade, justiça e as mudanças necessárias nas leis de segurança e prevenção a incêndios.