Elfos e Papais Noéis roubam R$ 16 mil em comida para doar no Canadá
Grupo mascarado rouba comida para doar em Montreal

Uma ação incomum, que mistura protesto e solidariedade, chamou a atenção em Montreal, no Canadá. Um grupo formado por três Papais Noéis e cerca de 40 elfos, todos usando máscaras, invadiu um supermercado na noite de segunda-feira, 15 de dezembro de 2025, e saiu com itens alimentares no valor de 3 mil dólares canadenses, equivalente a aproximadamente 16 mil reais.

O "assalto" com um propósito social

Carne, frutas, legumes e outros mantimentos foram retirados das prateleiras de uma loja da rede Metro, que controla oito grandes marcas de supermercados nas províncias de Ontário e Quebec. Ao contrário de um roubo comum, o grupo, que se autodenomina "Robins des Ruelles" (algo como "Robin dos Becos"), tinha um plano claro para os produtos.

Em um comunicado divulgado posteriormente, na quinta-feira, 18 de dezembro, e intitulado "Quando a fome justifica os meios", os participantes explicaram suas motivações. A comida foi levada para ser doada a pessoas em situação de vulnerabilidade, com o objetivo principal de denunciar a grave crise do custo de vida que atinge o país.

O manifesto contra a inflação e os lucros recordes

No texto, o grupo critica duramente as grandes redes varejistas. Eles afirmam que a população trabalha cada vez mais apenas para conseguir comprar alimentos básicos, enquanto empresas se aproveitam da inflação como pretexto para obter lucros extraordinários.

"Não há outra forma de dizer: um punhado de empresas está mantendo nossas necessidades básicas como reféns", escreveram os autores da ação. A mensagem é um protesto direto contra a disparada dos preços dos gêneros alimentícios, um problema que afeta milhões de canadenses e também é sentido em diversas partes do mundo.

O destino da comida roubada

Após a ação no supermercado, os itens foram destinados a quem mais precisa. Parte dos mantimentos foi colocada sob uma árvore de Natal na praça de Valois, em Montreal, como uma doação aberta à comunidade. A outra parte foi distribuída em geladeiras comunitárias, espaços públicos onde qualquer pessoa pode deixar ou pegar alimentos gratuitamente.

A iniciativa, portanto, seguiu à risca a lenda de Robin Hood, tirando de um grande estabelecimento comercial para dar aos necessitados. A cena de Papais Noéis e elfos mascarados carregando sacolas de comida em uma praça pública rapidamente se tornou um símbolo do ato.

A resposta da empresa e a questão criminal

A rede de supermercados Metro, proprietária do estabelecimento, não ficou calada. A empresa emitiu uma nota repudiando a ação e classificando-a como um furto criminoso e inaceitável. Do ponto de vista legal, a corporação tem razão: a apropriação de mercadorias sem pagamento configura crime, independentemente da motivação posterior dos autores.

O caso levanta um complexo debate ético e social. De um lado, está a ilegalidade do ato e o prejuízo causado ao comércio. De outro, a dramática realidade da fome e da dificuldade de acesso a alimentos básicos, agravada pela inflação, que motiva gestos de desespero e protesto como este.

A ação dos "Robins des Ruelles" em Montreal ecoa um sentimento de frustração crescente com a desigualdade e o custo de vida. Se por um lado a metodologia é questionável, por outro, o grupo conseguiu colocar em evidência, de maneira espetacular e midiática, uma crise que afeta silenciosamente milhares de lares.