Não é ficção, mas realidade dura: em João Pessoa, quadrilhas especializadas estão transformando condomínios residenciais em fontes de renda ilícita. A tática? Simples e cruel. Primeiro, intimidam os legítimos moradores — alguns vivendo há décadas no local — até que abandonem seus lares. Depois, colocam os imóveis no mercado de aluguel, como se fossem proprietários legítimos.
"É um modus operandi que vem se sofisticando", confirma um delegado que prefere não se identificar. Os criminosos, segundo ele, agem como verdadeiras imobiliárias do crime, cobrando valores abaixo do mercado para atrair inquilinos desavisados.
Como funciona o esquema
Imagine acordar com ameaças pintadas no seu portão. Ou pior: encontrar sua casa invadida por desconhecidos armados. Foi assim que Dona Maria (nome fictício), 68 anos, perdeu o apartamento onde morava há 15 anos. "Eles disseram que voltariam se eu não saísse", conta, ainda tremendo ao lembrar.
- Selecionam condomínios com gestão frágil ou sem síndico atuante
- Usam violência psicológica e, em alguns casos, física
- Falsificam documentos para "legalizar" a posse
- Alugam rápido, muitas vezes para pessoas que nem sabem da origem do imóvel
O pior? Alguns inquilinos — completamente alheios à situação — acabam perdendo móveis e pertences quando a polícia interdita os locais. "É um jogo onde todo mundo perde, menos os bandidos", desabafa um agente envolvido nas investigações.
O que as autoridades estão fazendo
A Polícia Civil criou uma força-tarefa específica para o caso, mas esbarra em dificuldades. Muitas vítimas temem denunciar, e os criminosos usam laranjas para alugar os imóveis. "Estamos mapeando os líderes", adianta o delegado-chefe, enquanto revisa uma pilha de processos sobre a mesa.
Enquanto isso, moradores de condomínios na região metropolitana vivem em alerta. Alguns contratam segurança privada; outros rezam para não serem os próximos. A prefeitura promete fiscalização reforçada, mas especialistas alertam: sem políticas públicas eficientes, o problema tende a crescer como bola de neve.
