PF Desmantela Esquema: Funcionários de Rastreadoras Cobravam Propina de R$ 50 Mil para 'Liberar' Caminhões Roubados
Rastreadores cobravam R$ 50 mil para liberar caminhões roubados

Imagine a cena: você paga por um serviço de rastreamento para proteger sua carga valiosa, mas são justamente os vigias que abrem os portões para os ladrões. Pois é, a realidade às vezes supera a ficção — e de longe.

A Polícia Federal acaba de desvendar um esquema que parece saído de roteiro de filme policial. Funcionários de empresas de rastreamento — sim, aquelas que deveriam proteger os caminhões — estavam cobrando propinas que chegavam a impressionantes R$ 50 mil para... bem, basicamente entregar as cargas de mão beijada aos criminosos.

O Mecanismo da Traição

Como funcionava essa maracutaia? Os investigados — três deles já presos preventivamente — usavam seu acesso privilegiado aos sistemas de rastreamento para localizar caminhões carregados com mercadorias de alto valor. Aí vinha o pulo do gato: em vez de acionar as autoridades, negociavam com as quadrilhas especializadas em roubo de carga.

Não era qualquer mixaria. Os valores variavam conforme o prêmio: entre R$ 10 mil e R$ 50 mil por caminhão "liberado". Um verdadeiro leilão da segurança alheia.

Operação em Andamento

A PF não está brincando em serviço. Batizada de "Silent Tracking", a operação já resultou em:

  • 3 prisões preventivas decretadas
  • 5 mandados de busca e apreensão cumpridos
  • Investigados respondendo por associação criminosa e corrupção ativa

Os alvos principais? Funcionários de empresas de monitoramento situadas em Campinas e Sumaré — cidades que se transformaram no epicentro desse esquema nada discreto.

O Jogo Duplo

O que mais choca nessa história toda é a frieza dos envolvidos. Enquanto as empresas de rastreamento vendem segurança como principal produto, alguns de seus funcionários transformavam a própria proteção em mercadoria negociável com o crime.

"É como comprar um cachorro e descobrir que ele late para o ladrão só quando você está em casa", comentou um investigador que preferiu não se identificar. A analogia, embora popular, cabe como uma luva.

As investigações — que começaram discretamente em 2023 — revelaram que o esquema não era ocasional. Tinha método, frequência e, claro, muita ganância. Os prejuízos? Impossível calcular precisamente, mas certamente alcançam milhões.

O Futuro do Setor

Resta a pergunta que não quer calar: como confiar novamente em um sistema cujos guardiões podem ser os próprios entregadores? A PF garante que o caso é pontual, mas o estrago na confiança do setor logístico já está feito.

Enquanto isso, as investigações seguem a todo vapor. A promessa é que mais desdobramentos virão — e, pelo andar da carruagem, essa história ainda vai dar muito pano para manga.