
O que parecia ser uma estrutura monolítica começa a mostrar rachaduras. E não são pequenas. Vazaram áudios que mostram azedume entre duas das maiores lideranças do Primeiro Comando da Capital — e a coisa tá feia.
De um lado, Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola. Do outro, um grupo que se autointitula "Vida Loka". E não, não é briga de torcida organizada. Estamos falando de uma disputa que pode redefinir os rumos do crime organizado no país.
O que dizem os áudios?
Nos registros — que circulam em grupos fechados há semanas —, a linguagem é direta. "Tá achando que manda em tudo, é?" dispara uma voz. Outro responde: "Aqui não é teu quintal não". A conversa, repleta de gírias do mundo do crime, deixa claro: a hierarquia não tá sendo respeitada como antes.
E olha que interessante: em determinado momento, um dos interlocutores solta: "Tá querendo virar político agora?" — uma clara referência às tentativas de Marcola de negociar com o poder público.
As raízes do conflito
Quem acompanha de perto sabe: essa tensão não surgiu do nada. Faz tempo que os ânimos estão exaltados. Alguns fatores que contribuíram:
- Diferenças sobre como conduzir os negócios da facção
- Descontentamento com a distribuição de recursos
- Disputa por áreas de influência dentro e fora dos presídios
- Críticas ao estilo de liderança de Marcola
Um detento que pediu para não ser identificado contou, em tom baixo: "Tá todo mundo com o pé atrás. Quando rola esse tipo de bate-boca, geralmente é o prenúncio de coisa pior".
E agora?
Especialistas em segurança pública estão de olho. "Quando uma organização desse tamanho entra em crise interna, o cenário pode se tornar ainda mais imprevisível", alerta um delegado que prefere não se identificar.
Nas periferias, o clima é de apreensão. Tem gente que já começou a escolher lado — mesmo sem entender direito o que está em jogo. Outros tentam manter distância, com medo de se queimar em uma possível guerra fratricida.
Uma coisa é certa: o PCC nunca foi tão falado desde os ataques de 2006. Só que agora, o alvo parece estar virado para dentro.