Policia desmonta esquema de falso advogado que agia como mestre do crime no RS
Quadrilha de falso advogado agia com manual do crime no RS

Era um escritório de advocacia como tantos outros — pelo menos na fachada. Mas o que se escondia por trás dos ternos impecáveis e dos diplomas falsos era um esquema tão bem arquitetado que até os clientes mais desconfiados caíam na lábia. Até que a polícia botou os pingos nos is.

Numa operação que lembra cena de filme — aquelas com dezenas de viaturas e gritos de "polícia!" —, desmontaram uma quadrilha que há anos atuava no Rio Grande do Sul fingindo ser escritório jurídico. O líder? Um sujeito que nunca pisou numa faculdade de direito, mas que decorou o código penal como quem estuda para prova.

O modus operandi

O tal "dr. Carlos" (nome fictício, claro) comandava o esquema com mão de ferro. Tinha até cartilha própria — um manual do crime tão detalhado que ensinava:

  • Como assinar documentos com letra de médico (tremida, sabe?)
  • Quais termos jurídicos usar pra impressionar cliente
  • Até como se portar em audiência (dica: falar baixo e usar óculos de grau vazio)

Os comparsas? Todos tinham papéis definidos. Uns faziam contato com vítimas, outros preparavam documentos falsos, e tinha até "estagiário" que só servia pra fazer café e vigiar movimento.

Vítimas caíam como dominó

O golpe era simples — e por isso mesmo eficaz. Ofereciam serviços jurídicos a preço de banana pra quem tava desesperado: divórcios relâmpago, revisão de contratos, até habeas corpus. Só que...

Depois do adiantamento? Sumiço. Processos que nunca existiram, audiências marcadas em fóruns fantasmas. Uma senhora chegou a esperar 6 meses por uma pensão alimentícia que só existia na imaginação do golpista.

"Eles eram bons. Muito bons", admite um delegado que pediu pra não ser identificado. "Mas cometeram o erro clássico: subestimaram a polícia."

A queda

Tudo começou com uma denúncia anônima — sempre começa assim, não é? — de que um "advogado" tava cobrando honorários absurdos pra liberar documento que nem existia. Quando a polícia foi fuçar, descobriu:

  1. Computadores cheios de modelos de petições
  2. Carimbos falsos de pelo menos 15 varas diferentes
  3. Até uniforme de oficial de justiça (que um dos bandidos usava pra "entregar" citações)

Na hora da prisão, o "doutor" tentou argumentar — claro — que tudo era mal-entendido. Disse que os diplomas na parede eram "decorativos" e que nunca havia afirmado ser advogado de verdade. Só que as gravações das conversas com clientes contavam outra história...

Agora o grupo responde por estelionato, falsificação de documentos e formação de quadrilha. E olha que a lista pode aumentar — a polícia suspeita que o esquema operava em outros estados também.

Moral da história? Na dúvida, sempre consulte a OAB. E desconfie de advogado que cobra em dinheiro vivo e marca reunião em cafeteria suspeita.