PF: Grupo de Rodrigo Manga usava termos religiosos para crimes em Sorocaba
PF: Termos religiosos eram códigos para crimes em Sorocaba

Termos religiosos serviam como códigos em esquema criminoso, aponta PF

A Polícia Federal descobriu que um grupo supostamente liderado por Rodrigo Manga, o conhecido prefeito tiktoker de Sorocaba, utilizava termos religiosos como códigos para práticas ilegais. As investigações da Operação Copia e Cola revelaram mensagens cifradas entre os investigados.

Mensagens apreendidas revelam linguagem suspeita

Durante as buscas realizadas em 10 de abril, na primeira fase da operação, os agentes apreenderam o celular de Rodrigo Manga. Entre as conversas analisadas, destaca-se um diálogo com Estevam Hernandes Filho, líder religioso da Igreja Renascer.

Na troca de mensagens, Estevam pergunta: "Está precisando de milagre?", ao que Manga responde simplesmente "Sim". A PF suspeita que esta possa ser uma referência velada a transações financeiras irregulares.

Contabilidade paralela e esquema de propinas

As investigações apontam para a existência de um sistema de contabilidade paralela que registrava valores de propina pagos por empresas interessadas em vencer licitações na Prefeitura de Sorocaba. As anotações eram mantidas no bloco de notas do celular de Josivaldo, cunhado do prefeito.

Segundo a PF, as anotações incluíam:

  • Registro minucioso de entradas e saídas de valores
  • Abreviações que identificavam origem e destino do dinheiro
  • Pagamentos relacionados a contratos com a prefeitura

Despesas pessoais pagas com recursos ilícitos

A esposa de Josivaldo, Simone, também mantinha controles financeiros em folhas de papel. Esses registros mostravam pagamento de despesas pessoais do núcleo familiar de Manga, incluindo:

  • Boletos de clube associativo
  • Condomínio residencial
  • Mensalidade da faculdade da filha do prefeito
  • Custeio mensal de cavalos pertencentes ao prefeito

A Polícia Federal estima que a organização criminosa já recebeu R$ 123 milhões em contratos públicos. A investigação também aponta que Estevam Hernandes Filho tinha antecedentes criminais, tendo sido preso em 2007 ao tentar entrar nos Estados Unidos com US$ 56 mil não declarados.

Defesas se manifestam

Os advogados de Rodrigo Manga declararam que a investigação é "completamente nula" e foi iniciada de forma ilegal. A defesa de Sirlange Rodrigues Frate Maganhato afirmou que todas as operações financeiras são lícitas e devidamente declaradas.

Os representantes de Josivaldo, Simone e da Igreja Cruzada de Milagres dos Filhos de Deus garantiram que nunca participaram de atividades ilícitas e que todos os recursos estavam declarados às autoridades desde 2018.

A Operação Copia e Cola continua apurando irregularidades na área da saúde de Sorocaba, com a segunda fase realizada na quinta-feira (6), quando foram presos o cunhado e um empresário do prefeito.