Lobista preso novamente em esquema de venda de decisões do STJ
PF prende lobista suspeito de vender decisões do STJ

Nova prisão de lobista no caso de vendas de decisões do STJ

A Polícia Federal executou nesta quarta-feira (12) mais um mandado de prisão contra Andreson de Oliveira Gonçalves, o lobista investigado por supostamente comandar um esquema de comercialização de decisões judiciais dentro do Superior Tribunal de Justiça.

Andreson se encontrava em prisão domiciliar desde julho em Primavera do Leste, interior de Mato Grosso, por determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal Cristiano Zanin. A transferência para casa havia sido autorizada após parecer favorável da Procuradoria-Geral da República, que considerou o estado de saúde do investigado.

Questão de saúde motivou primeira transferência

O lobista havia perdido mais de 30 quilos durante o período em que esteve preso em Brasília, segundo relatos, devido à falta de alimentação especial adequada às suas necessidades médicas. Esta situação levou à sua transferência para o regime domiciliar.

Entretanto, a nova prisão foi novamente ordenada pelo ministro Zanin. Desta vez, Andreson foi encaminhado para um presídio em Cuiabá, marcando uma reviravolta no caso.

PF alega que fome foi voluntária

De acordo com a defesa do lobista, a Polícia Federal justificou a nova prisão argumentando que Andreson teria passado fome voluntariamente para conseguir ser transferido do presídio federal em Brasília para sua residência.

O advogado Eugênio Pacelli reagiu com indignação à decisão, classificando-a como "tão surpreendente quanto desfundamentada". Em nota oficial, Pacelli questionou: "Esqueceram o laudo do IML e seu diagnóstico com base em exames de imagem e outros, para validar 50 minutos de dois policiais médicos na casa dele".

O defensor chegou a fazer uma declaração impactante: "A ser assim, se ele se suicidar, dirão que, como foi voluntário o suicídio, ele deverá ser enterrado no presídio".

Operação Sisamnes investiga esquema criminoso

Andreson de Oliveira Gonçalves é considerado o principal alvo da Operação Sisamnes, investigação que tem como objetivo apurar crimes de organização criminosa, corrupção, exploração de prestígio e violação de sigilo funcional.

As investigações indicam que o esquema envolvia a venda de decisões não apenas no STJ, mas também em outros tribunais. A PF deflagrou a operação no ano passado após identificar indícios de que alvos "solicitavam valores para beneficiar partes em processos judiciais, por meio de decisões favoráveis aos seus interesses".

As apurações também examinam negociações envolvendo vazamento de informações sigilosas, incluindo detalhes de operações policiais. Funcionários do STJ estão sob investigação, embora não haja, até o momento, apurações diretas sobre os ministros da corte.

Em outubro, a Polícia Federal já havia cumprido ordem de busca e apreensão na residência de Andreson, demonstrando a continuidade das investigações sobre o suposto esquema de corrupção no Judiciário.