Um casal de turistas do Mato Grosso foi vítima de uma violenta agressão coletiva na praia de Porto de Galinhas, no litoral sul de Pernambuco. O episódio, que envolveu cerca de 30 pessoas, começou com uma discussão sobre o valor cobrado pelo aluguel de cadeiras e guarda-sol.
Discussão por preço desencadeia violência extrema
Os empresários Johnny Andrade e Cleiton Zanatta haviam combinado o aluguel dos equipamentos de praia por R$ 50. No momento do pagamento, porém, os comerciantes exigiram R$ 80. A recusa do casal em pagar o valor maior foi o estopim para a brutalidade.
"Meu rosto está completamente danificado, toda lateral do meu corpo está machucada porque eles bateram muito em mim", relatou Johnny Andrade em um vídeo. Ele estima que aproximadamente 30 pessoas participaram dos ataques, que incluíam socos, pontapés, cadeiradas e até areia jogada no rosto das vítimas.
Fuga dramática e falta de suporte às vítimas
Para escapar da multidão enfurecida, os guarda-vidas civis presentes no local precisaram colocar o casal na caçamba de seu veículo. Imagens registradas por banhistas mostram o momento tenso da fuga. Mesmo assim, Cleiton conta que foi puxado para fora do carro e agredido novamente. "Eles conseguiram me tirar de cima da caminhoneta, arrastaram de novo para 10, 15 metros e me deram muitos chutes nas costas e na cabeça", disse.
Após o ocorrido, o casal enfrentou uma série de dificuldades para receber atendimento. Eles denunciaram que precisaram pagar por um carro de aplicativo para se deslocar até a unidade de saúde, pois não havia ambulância disponível. Em Porto de Galinhas, um médico constatou a necessidade de exames de imagem, mas o equipamento não estava disponível, forçando uma nova viagem, agora para o Hospital de Ipojuca.
Posicionamento da prefeitura e investigação
A Prefeitura de Ipojuca se manifestou sobre o caso através das redes sociais. Em uma nota oficial, a gestão municipal lamentou e repudiou o episódio, classificando-o como "grave e incompatível com os valores de respeito, acolhimento e hospitalidade que norteiam o destino".
O comunicado informou que os órgãos competentes já apuram o fato para identificar os envolvidos e adotar as medidas legais. A prefeitura também destacou a atuação rápida dos salva-vidas e da Guarda Municipal no local, e citou iniciativas de ordenamento da orla, como o recadastramento de ambulantes e a entrega de crachás de identificação com QR Code.
Entretanto, a nota não mencionou se as vítimas receberam qualquer tipo de suporte ou assistência direta da administração municipal.
Desfecho amargo e trauma
Após passarem por exames e receberem alta hospitalar, Johnny e Cleiton retornaram à delegacia de Porto de Galinhas por volta das 22h do sábado, 27 de abril, para recuperar seus pertences, deixados na praia durante a confusão. De forma surpreendente, os policiais informaram que a dona da barraca exigia o pagamento dos R$ 80, valor que acabou sendo quitado via Pix.
O trauma da experiência marcou os turistas. "Escolhemos Porto de Galinhas para passar alguns dias de férias e a gente se deparou com essa atrocidade", desabafou Johnny, que ficou com o olho direito inchado. Cleiton foi além: "Eu espero nunca mais na minha vida pisar nesse lugar".
O g1 tentou contato com a Associação dos Barraqueiros de Porto de Galinhas para entender como são feitas as cobranças e se existe uma tabela de preços oficial, mas não obteve retorno até a conclusão desta reportagem.