A Operação Telic, deflagrada nesta terça-feira (11) em Vila Velha, na Grande Vitória, resultou na prisão de 13 suspeitos de integrar núcleos da facção Primeiro Comando de Vitória (PCV), ligados ao Comando Vermelho (CV). Entre os detidos está o preparador físico Wallace Pessanha, que tem passagem por clubes de futebol do Espírito Santo.
Quem é Wallace Pessanha e sua ligação com o crime
Wallace Pessanha já trabalhou em clubes capixabas como Vitória, Serra, Real Noroeste e Desportiva, onde atuou em 2024. Em abril, havia sido anunciado para participar de um campeonato em Minas Gerais. No entanto, segundo investigações do Ministério Público, ele era considerado pessoa de confiança do traficante Frajola, que está preso.
As investigações apontam que a comunicação entre Wallace e Frajola ocorria através de 'catuques' - bilhetes que entram e saem da prisão irregularmente. O preparador físico contribuía na atuação criminosa da facção tanto diretamente no tráfico de drogas como na corrupção de agentes públicos.
O celular de Wallace foi apreendido e as informações serão analisadas pelas autoridades. Esta não é a primeira vez que o preparador físico se envolve em ocorrência policial - em 2017, ele atirou em um vizinho durante uma confusão por causa de uma foto postada na internet.
Detalhes da operação policial
A Operação Telic mobilizou mais de 120 policiais militares e cumpriu 26 mandados de prisão e 40 de busca e apreensão. Além das 13 prisões realizadas nesta terça-feira, outros três suspeitos já estavam em unidades prisionais e 10 permanecem foragidos.
Entre os materiais apreendidos estão:
- Duas armas de fogo, incluindo uma submetralhadora
- Entorpecentes
- Dinheiro em espécie
- Máquinas de cartão
- Notebooks
- Rádios comunicadores
- Câmeras IPTV
- 'Catuques'
- Aparelhos celulares
Caso paralelo: motorista preso ao tentar ajudar fuga
Felipe Almeida dos Santos, de 29 anos, também foi preso durante a operação, embora não estivesse entre os alvos iniciais. Ele foi detido em flagrante por tentar ajudar na fuga de Raphael Alberto Silva, um dos principais alvos da Operação Telic.
Os policiais montaram campana em um condomínio no bairro Ponta da Fruta, onde havia indícios da presença de Raphael. Após monitoramento durante toda a manhã, os agentes observaram Raphael pular o muro e entrar no carro dirigido por Felipe.
O motorista percebeu a movimentação policial e avançou contra os PMs que estavam a pé, mas os policiais conseguiram evitar o atropelamento. Houve troca de tiros e o veículo conseguiu fugir inicialmente, sendo localizado posteriormente no bairro Barra do Jucu.
No momento da prisão, Raphael confessou que destruiu o próprio celular para evitar que a polícia tivesse acesso às informações. Ele é apontado como braço direito do comando do PCV na região da Grande Terra Vermelha.
Radiografia do crime organizado
O coronel Douglas Caus, comandante-geral da Polícia Militar do Espírito Santo, explicou que a operação permitiu fazer uma radiografia dos criminosos que coordenam ataques em Vila Velha, cumprindo ordens de chefes do tráfico que estão em presídios.
"É uma operação que vem desnudar, vem fazer uma radiografia de quem são as pessoas. Nós verificamos que três indivíduos que estão presos, que são lideranças, através de 'catuques', estavam coordenando essas ordens para fora", afirmou o comandante.
Caus também destacou a atuação dos criminosos na cooptação de agentes públicos: "Toda facção criminosa que quer se estabelecer em uma região, ter áreas de atuação fortes, busca essa cooptação de funcionários públicos e facilita a questão do trânsito da informação. As lideranças comunitárias também são buscadas para ajudar a lavar o dinheiro".
Segundo o MPES, as investigações apontam que o grupo criminoso é responsável por crimes de tráfico de drogas, assassinatos, tentativas de homicídio e porte ilegal de armas. As provas obtidas revelaram a existência de um núcleo especializado na coleta e difusão de informações estratégicas, com o objetivo de monitorar ações policiais e planejar homicídios.
A operação é coordenada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco-Central), do MPES, com apoio da Diretoria de Inteligência da Polícia Militar e Secretaria de Estado da Justiça (Sejus).