
Manaus virou palco de mais um capítulo da guerra contra o tráfico. Dessa vez, a polícia prendeu um homem acusado de ser o "combustível" por trás de uma rede que usava mototaxistas como distribuidores de drogas pela cidade. Parece roteiro de filme, mas é a realidade dura da capital amazonense.
O suspeito — que já tinha passagem pela polícia — foi pego de calças curtas (literalmente) durante uma operação que rastreou seus movimentos por semanas. Segundo as investigações, ele era o "atacadista" do esquema, fornecendo grandes quantidades de entorpecentes para os motoboys que faziam as entregas nos pontos de venda.
O modus operandi
Eis como a coisa funcionava:
- O preso recebia carregamentos de drogas de origem ainda não identificada
- Repassava para uma rede de mototaxistas — alguns que nem sabiam que estavam sendo monitorados
- As entregas aconteciam em pontos estratégicos da cidade, sempre mudando de local
"Essa galera inventa cada esquema que até a gente se surpreende", confessou um dos investigadores, que pediu para não ser identificado. A operação que levou à prisão foi minuciosa — rastreamento de celulares, escutas e até vigilância discreta em bares da periferia.
Na casa do acusado, os policiais encontraram:
- Pacotes de cocaína prontos para distribuição
- Dinheiro em espécie separado por valores
- Vários celulares — ferramenta básica do tráfico moderno
Mototaxistas na mira
O caso joga luz sobre um problema que vem crescendo: o uso de entregadores por aplicativo e mototaxistas no tráfico. "Eles são mão-de-obra barata e discreta", explica o delegado responsável. Alguns entram por necessidade, outros por ganância — mas todos viram peças descartáveis dessas organizações.
Para quem vive nas áreas afetadas, a notícia da prisão traz um alívio misturado com ceticismo. "Tira um, aparece outro", comenta uma moradora da Zona Leste que preferiu não se identificar. Ela tem razão: enquanto houver demanda, sempre haverá quem se arrisque no fornecimento.
Agora, a polícia trabalha para identificar outros envolvidos na rede. O preso já foi encaminhado ao sistema penitenciário e responderá por tráfico de drogas — crime que pode render de 5 a 15 anos de prisão. Mas cá entre nós: será que prender os "peixes médios" resolve mesmo o problema?