
Quando o assunto é metanol em bebidas, a coisa fica séria — e a ciência precisa falar mais alto que o desespero. Em Pernambuco, onde casos assim voltaram a assustar a população, os peritos trabalham como verdadeiros detetives de laboratório.
E olha, não é nada simples. O metanol, aquele álcool que não deveria estar ali, é traiçoeiro. Parece etanol, mas age como veneno. E identificar essa substância no corpo das vítimas? É uma corrida contra o tempo e a decomposição.
O trabalho começa antes mesmo do laboratório
Os peritos chegam ao local — seja um bar, uma residência, o que for — com um olhar que já sabe onde procurar. Amostras de bebidas, frascos, restos de líquidos... tudo vira prova. E no corpo das vítimas, o sangue conta histórias que a pessoa não pode mais contar.
É quase um quebra-cabeça químico. E um detalhe: o metanol some rápido do organismo. Em 48 horas, já era. Por isso a urgência é tão crucial.
Dentro do laboratório: a caça ao veneno invisível
Nas bancadas dos Institutos de Criminalística, a coisa fica técnica — mas fascinante. Usam-se técnicas como a cromatografia gasosa, que basicamente separa as substâncias como se fossem ingredientes de uma receita macabra.
O metanol aparece como um pico num gráfico. E os níveis? Assustadores. Enquanto no etanol (o álcool comum) até 0,6 mg/L no sangue é aceitável, para o metanol qualquer quantidade acima de 0,1 mg/L já acende o alerta vermelho.
Mas sabe o que é mais preocupante? Às vezes as vítimas chegam aos hospitais com sintomas que confundem até os médicos — embriaguez atípica, dores abdominais, visão turva. E quando se descobre que era metanol, já pode ser tarde demais.
E nas bebidas? A fraude fica evidente
Quando analisam as garrafas e copos, os peritos encontram pistas ainda mais claras. O metanol não deveria estar ali, ponto final. Sua presença indica adulteração criminosa — alguém, em algum lugar, trocou o álcool seguro pelo perigoso para cortar custos.
E o pior: muitas vítimas são pessoas humildes que compram bebidas mais baratas, sem imaginar o risco que correm. Uma tragédia social, além de sanitária.
Os peritos trabalham com um cuidado extremo. Cada amostra é documentada, preservada, analisada. É que no tribunal, cada laudo precisa ser inquebrável. A vida de inocentes — e a punição de culpados — depende disso.
Enquanto isso, a população precisa ficar esperta. Desconfie de preços baixos demais, de marcas desconhecidas, de bebidas com embalagens improvisadas. Sua vida vale mais que alguns reais economizados.