Um caso que chocou a comunidade médica e a população catarinense chegou a seu veredicto final. O cirurgião plástico Márcio Ghelman foi condenado a 19 anos de prisão em regime inicialmente fechado pela morte de uma paciente durante um procedimento que ficou conhecido como "X-Tudo" - um combo de cirurgias plásticas realizadas simultaneamente.
O que é o "X-Tudo" na cirurgia plástica?
O termo "X-Tudo", popularizado neste caso, refere-se à prática de realizar múltiplas cirurgias plásticas em uma única intervenção cirúrgica. No caso específico, a paciente submeteu-se a:
- Lipoaspiração
- Abdominoplastia
- Mamoplastia de aumento
- Rinoplastia
Essa combinação de procedimentos, quando realizada simultaneamente, aumenta significativamente os riscos cirúrgicos e exige cuidados especiais que, segundo a acusação, não foram tomados.
Os detalhes do caso que levou à condenação
A tragédia ocorreu em 2019, quando a paciente de 43 anos faleceu durante o procedimento realizado em um hospital de Florianópolis. De acordo com as investigações, o médico:
- Não adotou os cuidados necessários para um procedimento de alta complexidade
- Ignorou os riscos aumentados da combinação de cirurgias
- Agiu com dolo eventual - assumiu o risco de matar
A sentença do juiz Rafael Mota Pinheiro foi clara ao caracterizar a conduta do médico como "extremamente perigosa e temerária".
Repercussão na comunidade médica
O caso gerou intenso debate entre profissionais da área médica sobre os limites éticos na realização de procedimentos estéticos. Especialistas alertam que:
Combos cirúrgicos exigem:
- Avaliação criteriosa do paciente
- Infraestrutura hospitalar adequada
- Equipe médica preparada para emergências
- Tempo cirúrgico controlado
Condenação serve de alerta
A decisão judicial estabelece um precedente importante para casos similários e serve como alerta para profissionais que realizam procedimentos estéticos. A condenação por homicídio doloso - quando há intenção de assumir o risco - demonstra que a Justiça não tolerará condutas negligentes que coloquem em risco a vida dos pacientes.
O caso continua sob análise do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, cabendo ainda recursos da defesa, mas já marca a história da medicina legal brasileira como um exemplo dos perigos da medicalização excessiva da estética.