
O coração apertado, as lágrimas que não secam. Dona Maria* segurava com força a foto da filha enquanto o caixão branco descia lentamente na mesma cova, no mesmo cemitério. Pela segunda vez. 'É como se eu estivesse perdendo minha menina outra vez', disse, com a voz embargada, em entrevista ao G1.
Thallya Beatriz, de 22 anos, foi sepultada novamente nesta quarta-feira (23) em Goiânia após exumação para perícia no caso de sua morte — ainda envolta em mistérios e investigações. A família, que já havia vivido o luto em março, viu o sofrimento renascer com os procedimentos forenses.
O peso da espera
Três meses. Foi quanto a família aguardou, entre protocolos e trâmites burocráticos, para que o corpo fosse liberado após a autópsia. 'A gente fica nesse limbo', confessou o pai, José*, esfregando as mãos nervosamente. 'Nem vivo, nem morto direito. Só dor que não acaba.'
Os peritos trabalharam com duas hipóteses principais — acidente ou homicídio — mas o laudo final ainda não foi divulgado. Fontes próximas ao caso sugerem que há 'inconsistências' na versão inicial dos fatos.
Rituais interrompidos
No velório, flores murchas do primeiro enterro misturavam-se às novas. Vizinhos traziam comida, como da outra vez. 'Só que agora ninguém sabe direito o que dizer', observou uma tia, arrumando as fotos no altar improvisado.
Para psicólogos ouvidos pela reportagem, reviver o luto dessa forma pode deixar marcas profundas. 'É uma ferida que não cicatriza, que fica sendo reaberta', explica a Dra. Luana Mendes, especialista em trauma. 'As famílias precisam de apoio contínuo.'
Enquanto a justiça segue seu curso, a família tenta reconstruir a rotina. Na casa de Thallya, seu quarto permanece intacto — a maquiagem sobre a penteadeira, a playlist favorita ainda no celular. Pequenos detalhes que, agora, doem como facadas.