
O caso parece saído de um daqueles filmes em que o poder parece blindar quem deveria zelar pela lei. Em São José do Rio Preto, um juiz aposentado — sim, você leu certo, um ex-magistrado — atropelou uma ciclista e, após pagar fiança, saiu como se nada tivesse acontecido. O irmão da vítima, com a voz embargada de indignação, diz o que muitos pensam: "Isso não pode ficar assim".
Aconteceu num daqueles dias comuns, desses que começam com café frio e terminam com notícia ruim. A ciclista, mulher de hábitos tranquilos, pedalava pela cidade quando foi atingida pelo carro do juiz. O impacto? Suficiente para deixá-la hospitalizada, com fraturas e um futuro incerto. Ele, por sua vez, seguiu o roteiro previsível: advogados, recursos, e — claro — a bendita fiança que abre portas.
"Justiça para quem?"
O irmão da vítima, que prefere não ver seu nome estampado, fala com uma mistura de raiva e cansaço: "A gente sabe como funciona. Ele tem dinheiro, influência... mas minha irmã tem a vida arruinada". E não é exagero. Enquanto o processo arrasta-se — porque sempre se arrasta —, ela enfrenta fisioterapia, contas médicas e noites sem dormir.
O detalhe que corta como faca? O juiz aposentado não demonstrou um pingo de remorso. Nada de visitas à vítima, nenhum pedido de desculpas público. Só o silêncio conveniente de quem acha que o passado na toga dá direito a um "free pass" contra a responsabilidade.
O que diz a lei (e o que não diz)
- O valor da fiança foi definido com base no artigo 302 do CTB — dirigir sem atenção;
- O juiz poderia responder por lesão corporal grave, mas... advogados bons fazem milagres;
- A família cogita entrar com ação por danos morais, mas sabe que será uma batalha longa.
E aí, você acha justo? Um homem que um dia julgou os outros agora parece intocável. A cidade inteira comenta, alguns em voz baixa: "Se fosse um trabalhador comum, já estaria atrás das grades". O caso virou símbolo de uma velha conhecida nossa: a justiça de duas caras.
Enquanto isso, a ciclista tenta reconstruir o que o asfalto levou. E o juiz? Bem, ele deve estar em casa, tomando seu café quentinho. A vida segue desigual.